domingo, 26 de dezembro de 2010

Porque te ver triste me deixa triste

Ela era uma rainha.

Bem, é claro que era uma rainha. O que ela poderia ser, além de uma rainha? E, apesar de ainda ter a cabeça bem presa ao pescoço, era uma rainha tão ou mais digna que a nobre senhorita Maria Antonieta. Ou qualquer uma das inúmeras rainhas - famosas ou não - que tiveram um fim tão triste na vida, de ter a cabeça separada do resto do corpo.

Ela era uma boa rainha. Tinha o cabelo vermelho, vestidos de bolinhas, seu coração era sua coroa; no seu quarto, uma ampulheta com uma aranha. Ela também tinha um rei, a quem amava muito e que a amava muito. Ela poderia ser uma rainha muito feliz, mas era um pouco mais difícil do que isso.

Ela tinha que acordar todos os dias e ir para um emprego onde atenderia pessoas grosseiras e mal-educadas, que nunca conseguiriam entender que ela era a porra de uma rainha e ninguém trata rainhas assim. A rainha sentia muito amor-raiva. É difícil entender esse conceito, mas caso você já tenha sentido, vai entender o que é. Muito amor-raiva na sua coroa-coração. A rainha não tinha entendido ainda que isso era o universo inteiro querendo que ela se esforçasse mais. Me esforçar mais para que, a rainha perguntaria ao universo se pudesse.

Bem, rainha, ele responderia, calmamente, existem muitas pessoas aqui, vivendo dentro de mim e eu não gosto da maioria delas. Mas eu gosto de você e sei que você é uma parte de mim. E eu quero que você sinta todo esse amor-raiva, porque eu quero que você sinta como eu me sinto. Eu estou todinho dentro de você, cara rainha, e eu quero que você veja que não é fácil ser eu. Então, eu te amo e entendo que você é uma das poucas pessoas que compreenderia a minha raiva e entenderia que, apesar dela, ainda tem muito amor aqui. Tem muito amor em você.

Só que a rainha não pode saber de nada disso, não pode ouvir coisa alguma e continua tendo amor-raiva do universo, que colocou tanto amor-raiva dentro dela. Então a rainha vai acender um cigarro, coisa que ela faz muito de vez em quando, vai ficar encostada em uma parede com fones de ouvido e vai fechar os olhos e várias manchinhas brancas se formarão por trás das pálpebras.

Ela vai respirar fundo, tragar bem mais fundo ainda, vai sentir muito amor-raiva e vai entender que passará grande parte da vida sentindo muito amor-raiva e que está tudo bem, por enquanto. Vai respirar fundo e (sem saber que milhares de súditos desejam a mesma coisa para ela) vai desejar que seja doce.


E será.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A house is not a home

Então, eu estou com abuso daqui.

Eu olho para esse blog e para todas as coisas que eu escrevi e sinto vontade de apagar tudo, tudo, tudo. Abro essa porra para escrever um texto novo, mas só de lembrar onde ele será publicado... argh! Um nojo sobe pelos meus dedos até meu coração.

Eu pensei em mudar o layout, deixar o blog todo branco, mas na hora em que fui fazer isso, fiquei com preguiça e desisti. O que é muito triste, se você pensar bem. Eu gosto tanto daqui. Mas não me sinto mais... aqui.

É uma vontade louca de deletar todas as postagens e começar tudo de novo, mas isso não seria justo comigo, seria? Apagar tudo o que um dia eu já senti, e nem faz tanto tempo assim. Se bem que eu estou mesmo precisando apagar algumas coisas em mim. Mas deixe isso para lá.

Eu tô pensando no que porras eu faço com isso. Enfim. Eu não vou parar de escrever, eu acho, porque se tem uma coisa que eu amo mais do que viajar é escrever. Então, pronto. Vai que é só uma fase. Ou vai que esse blog deixa de existir. Sabe-se lá as reviravoltas que a vida dá.

Blábláblá. Júlia e Cah, eu amo vocês.

(sim, eu passei a noite toda lendo o blog das duas. E você, que tem vida social, como está?)