sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

atlântida

ou talvez a gente nunca tenha se conhecido em nenhuma vida passada, nem sido coisa alguma um do outro. essa é a nossa primeira vida juntos, já pensou assim? essa é a nossa primeira vida juntos e isso faz toda a diferença, porque a gente se ama assim por nossa causa e não por causa de coisas que aconteceram antes. irmãos e mais do que irmãos. pela primeira vez e para sempre.

domingo, 25 de dezembro de 2011

começou com uma música dos beatles

começou com i want to hold your hand.

na verdade, começou com eragon. infelicidade total, esse livro é uma merda. mas tu queria ler, tu gosta, tu ainda gosta, tu andava com brisingr debaixo do braço, depois de um tempo. em algum momento, daqueles em que tu ficava lá no meu curso de inglês esperando minha hora de sair ou então matando aula comigo (e como eu matei aquele curso com você!) e aí você disse, na calçada, que sabia que eu era uma boa pessoa, porque eu te emprestei o livro sem nem te conhecer.

sonho de uma flauta, porque a gente brigava demais, porque a gente ainda briga muito, porque tu saia correndo e eu segurava tua mochila, porque tu jogava coisas em mim e eu te arranhava e a gente gritava e chorava, mas aí depois. aí depois.

eu encontrei um comentário meu gigante, dizendo porque eu tinha ficado triste, e falando milhares de coisas, e eu nem consigo me lembrar a razão de a gente ter brigado, mas lá no final tem o "você é tão boa que é triste" - e tem todo aquele eu que tu tinha na cabeça, e que eu gostava do jeito que eu existia aí, e eu lembro de ter te mandado cartões postais da itália e isso foi num dia de pré-direito e tu pulou pra me abraçar.

existiam também as briguinhas de brincadeira, as implicâncias, te chamar de hipster, underground, indie e tudo o mais. revirar os olhos, revirar os olhos. olha que engraçado, começou a tocar elephant gun e eu lembro de quando tu colocou a música pra tocar pela primeira vez, no teu celular, eu acho que a gente tava na casa do zé, sei lá.

depois, teve algum momento da mensagem "você é a minha rock & roll queen", que eu recebi quando estava estudando. e isso ficou na minha cabeça, pra sempre, e eu sempre lembro disso nos momentos mais aleatórios. o cordeiro dizia que a gente era uma banda de rock, mas que ele era um cantor de que mesmo? bossa nova? a gente era agitado, ele era calmo. mas eu e tu fizemos incontáveis post sobre ele e para ele e tivemos incontáveis conversas sobre ele e isso não é sobre ele, não dessa vez. nós dois, eu e você. uma dupla sertaneja. átilindo & morgamor.

eu tô relendo teu blog e meus comentários e tá tudo voltando agora. as palavras ficam vazias, porque são... palavras, não são ações, a gente não tá mudando e tá mudando, a gente tinha prometido pra sempre, mas acabou que.

sei lá, o amor vai ser pra sempre. pelo menos, o meu vai ser. deu saudade de você agora, e sempre, e hoje, e amanhã, e daqui a um bilhão de vidas, quando renascermos feito bactérias, porque a terra vai acabar, e a evolução vai ter que começar de novo, não é? vai que em algum momento eu-célula e você-célula nos juntaremos pra formar um ser humano muito complicado e sentimental.

eu disse que deveria ser impossível amar alguém assim. eu disse isso, eu ainda acho isso. deveria ser impossível amar alguém assim. porque foi um ano inteiro praticamente sem você e ainda vai ser por mais tempo e eu nem sei se essas palavras vão chegar aos seus olhos, quem dirá ao seu coração. mas eu espero. eu espero.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fortaleza, 2009.

"Ceres?"

"Sim?"

"Oi, eu estou ligando de Fortaleza... é que eu estou escrevendo um livro de contos, e eu inclui você. Porque você era a moça mais bela de Fortaleza, nos anos 40. Acho que você ainda é. Quero dizer... seu quadro, na Praça do Ferreira, você lembra?"

Ela ri.

"Sim, sim... com os seios de fora, um escândalo!"

A risada dela, a voz dela, é tudo muito doce. Meus sentimentos de quando eu tinha 16 anos parecem voltar, quase 70 anos depois.

"Então... eu gostaria de saber se você viria para cá. Para a noite de autógrafos. Eu pago a passagem do Rio de Janeiro para cá."

"Eu... não. Me desculpe. Eu não sou mais... eu estou velha, e manchada, e flácida. Eu não sou mais bonita, eu... eu gostaria que Fortaleza se lembrasse de mim como uma moça bonita... eu saí daí bonita, não quero voltar feia. Me desculpe."

"Mas Ceres... você é linda."

Ela ri de novo.

"Não sou, não. Desculpe."

Dou mais umas palavras, mas é inútil. Desligo o telefone com o coração apertado. Eu também estou velho, quis dizer. Sempre fui feio, ninguém nunca pensou em mim como bonito, quando as pessoas te vissem... você seria bonita, Ceres, de qualquer jeito.

Chega 2010, janeiro, o mês da noite de autógrafos e eu ligo mais uma vez, só para ter certeza, só para descobrir que Ceres faleceu no dia dois de janeiro.

Fortaleza, 1942.

Ceres - Ceres, me dizem, e eu repito infinitamente. Repito dentro da minha cabeça e baixinho, só para provar o nome. Ceres, Ceres. É o nome de uma Deusa, não é mesmo? Muito apropriado, ela é uma Deusa. Eu olho para a fotografia e sei que quase todos ficariam escandalizados - que tipo de moça publicaria uma foto mostrando os seios daquela forma? Mas eles não entendem, Ceres. Eles não entendem que você não é vulgar, você só é bela. Aquela senhora me disse, a mesma que disse o seu nome, que você era a moça mais bela de Fortaleza. Eu vim do interior, é meu primeiro ano aqui e já vi muitas moças bonitas, mas nenhuma como você. A senhora tinha razão, a moça mais bela de Fortaleza. O que um caipira como eu poderia querer com você? Quando você apareceu na Praça do Ferreira e eu estava lá, meu coração quase parou. Tanta gente ia falar com você, Ceres, e você sorria para todos eles, você sorria para todo mundo, você andava pela praça olhando os quadros e quando chegava ao seu, seu sorriso iluminado virava um sorriso tímido. Eu quis falar com você, ensaiei tantas palavras na minha cabeça. Mas o que eu diria? Olá, Ceres, eu amo você? Você nunca iria acreditar, você não ia entender como eu tinha me apaixonado por uma fotografia, ou ainda me falaria que eu não te conhecia de verdade, mas... Mas se existe uma Ceres na minha imaginação, com certeza a Ceres da realidade é melhor. Essa era a minha maior crença. Eu poderia imaginar alguém, mas ele sempre seria melhor na realidade. E você era a moça mais bela de Fortaleza, e para mim, a moça mais bela do mundo. Sempre que eu vou para a Praça do Ferreira, procuro por você, por seu quadro. Não vou te esquecer, Ceres, nunca.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

when the day met the night

ou sobre como o céu está incrivelmente cor de rosa agora. Não é vermelho, não é laranja, mas é um rosa tão tão tão forte e profundo tomando conta do céu que eu estou até assustada. Sempre que eu vejo o céu bonito desse jeito, eu fico achando que vai acontecer algo bom. Eu nunca sei se realmente, de todas as vezes que eu pensei isso, aconteceu algo bom - provavelmente não, eu teria lembrado, certo? Bem, enfim. Talvez não aconteça algo bom pra mim. Mas contanto que alguém fique bem nesse mundo, tá ok. Que céu bonito.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

uma ideia aterrorizante

mas sentir sua falta não quer dizer que as coisas voltem a ser como antes.

post secret

eu realmente estou sentindo a sua falta, ou a falta do que a gente era antes de tudo isso, a falta de quando não tinha nada romântico acontecendo aqui, a falta das nossas conversas. eu tô sentindo a tua falta, por mais que tu faça com que eu não consiga (por enquanto) ouvir uma das minhas bandas preferidas. haha

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

what if

"E então, se a gente se encontrar daqui a quinze anos e você perceber que você me ama? Quer dizer, você não está apaixonada por mim agora, mas daí a gente se encontra e então... você simplesmente se apaixona por mim?"

pergunta com um grande sorriso. a outra ri e balança a mão.

"É, muito bonito, mas eu sou heterossexual, lembra?"

revira os olhos.

"Entendo, mas você entende que... você ainda assim pode se apaixonar por mim? E continuar achando caras gostosos, e pensar em caras te mordendo, e se masturbar pensando em caras, mas se apaixonar por mim? E eu ser a única garota que tu se sente desse jeito?"

"É, é. Mas eu não esperaria por isso. Mas é uma teoria bonitinha, por que você não usa com alguém que realmente vale a pena?"

ela vai embora, conversar com outra pessoa da sala de aula.

"Mas você vale a pena."

murmura com tristeza pra si mesma.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

You try until you can't

Ariel,

Acho incrível sua capacidade de acreditar em certas coisas, apesar de tudo. Nunca quis te contar isso, é claro. Para mim, o mais útil seria sempre um leve revirar de olhos, uma demonstração de como essas pequenas coisinhas que você gosta são dignas de desprezo. Mas chega um momento de falar a verdade, e falar que eu admiro isso, e que eu gosto disso. Não gosto de ela sempre te escolher, quando está com a cabeça no lugar. Um pouco de ciúmes, admito. Quando ela precisa de braços para chorar e gritar e se arranhar e se morder, sou eu quem ela procura. Mas nós dois sabemos que sempre acaba voltando para você.

Ariel, eu sei que você sabe, mas vale lembrar: eu não sou o vilão da história. Nem sou realista. Sou pessimista, e assumo isso. Acho engraçada essa mania dos "realistas", de verem somente o lado ruim da situação. Eles realmente acham que enganam alguém dessa forma? São todos pessimistas, não são realistas. Realismo é você colocar as cartas na mesa e avaliá-las com justiça, não pendendo para a felicidade suprema e nem pela tristeza indizível.

Eu sou pessimista. Mas essa carta inteira é sobre ser realista.

Enquanto você é otimista, enquanto você encoraja as conversas dela na frente do espelho, enquanto você repete infinitamente que vai ficar tudo bem no ouvido dela, enquanto você a obriga a repetir que vai ficar tudo bem - mas que ato de crueldade do suposto bonzinho da história! Ela quase sufocava, enfiando o rosto no travesseiro, fingindo que dormir enquanto apertava os soluços na garganta. E você a obrigava a repetir, entre as lágrimas, que ia ficar tudo bem. Enquanto tudo isso acontecia, eu olhava de longe, perguntando-me quando ela iria vir falar comigo. Sempre acontece, por mais que eu seja o maldoso, o pessimista. Ela sempre vem.

Ela ainda não me procurou e nem procurou mais você, apesar de você continuar com essa atitude de falar com ela. Ariel. Deixe a menina sofrer a dor dela. Você sabe disso tanto quanto eu. A dor dela é a nossa dor e é normal que nós queiramos que ela pare de senti-la, em nosso egoísmo. Mas deixe a menina sofrer a dor dela em paz.

Quando ela não aguentar mais, ela virá falar comigo. E eu brigarei com ela, para logo depois abraçá-la, como sempre faço. E depois, ela irá procurar por você e eu voltarei a ser o errado. Mas por enquanto, sou o realista. Ela está sofrendo e vai sofrer por tempo indeterminado...

Então, vai passar. E então, ela vai sofrer de novo. E então, vai passar. E então, ela vai sofrer de novo. Porque é assim que acontece. Eu sei que o amor romântico é a grande preocupação da sua vida, Ariel, mas se você não notou, ela colocou um curso que não queria para aquela prova ridícula no final do ano. Ela vai embora e os grandes amigos dela ficarão para trás. Ela não consegue se achar bonita, apesar de pensar que é, a ideia não entra na sua cabeça. Ela não consegue contar nem para a mãe dela que meninas também são interessantes. A mãe, imagine o pai, imagine o resto da família doentiamente católica. Ela não consegue mais falar direito com aquele que antes foi motivo de tanta alegria. Ela está brigada com um dos seus melhores amigos e mesmo dizendo que quer que tudo fique normal, faz burradas como comentários ácidos no lugar dele desabafar.

Deixe a menina sofrer, Ariel. Deixe ela parar de tentar estar bem. Deixe a dor dela crescer como um bolha de sabão - começa pequena, cresce, cresce, cresce... e papoca. Espero que considere essas palavras e pare de procurá-la, ao menos por um tempo.

Mais preocupado com ela do que você imagina,

Caliban.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

God save the Queen

Pra te dizer parabéns. Pra te dizer que eu te amo. Pra te dizer que puta que pariu, já faz três anos que eu te conheço, e eu sei que três anos podem não ser nada, ainda mais porque te conhecer mesmo, de conversar contigo, só é um ano e um pouquinho. Mas é isso aí. Meu amor por ti só fez aumentar e aumentar e virar uma bolinha gigante e grudenta de amor. E eu deveria pensar em metáforas melhores, eu sei, eu sei. Você é linda, minha rainha, e merece toda a felicidade do mundo, mas não sou eu quem vai ficar mentindo e dizendo que tudo é felicidade. Tá foda, cara, tá foda, mas o que importa é que depois vai acontecer algo bom (e algo ruim e algo bom e algo ruim e algo bom num ciclo infinito), mas... é? Hã? Ah, tá, o que realmente importa é que sempre vai ter gente perto de ti, entende, do teu lado, o teu rei e os teus súditos fieis, e as tuas rainhas de vassalagem ou seja lá como a gente diz isso, mas tu é a Grande Rainha, só que sem essas paranoias da Gwenhwyfar porque, por favor né. Ah, tá bom. Eu deveria ter escrito algo profundo e poético aqui, fico pensando, mas depois... nah. Não. Tu já é uma pessoa muito profunda e poética - saída de um conto do Machado de Assis, não é mesmo? - e não ia ser verdadeiro se não fosse essa enxurrada de pensamentos aleatórios, parecendo uma fitinha de cetim vermelha, que eu vou enrolando e enrolando e acidentalmente dando um nó. O nó, nesse caso, seria um eu te amo sincero, ou um eu desejo tudo de bom, ou um tá na hora de publicar a sua lira rerere, ou um muitas felicidades muitos anos de vida êêê. É isso aí. Viva bem muito, mas bem muito mesmo, apesar de o mundo não merecer pessoas como você. Felicidades, felicidades, rainha, um dia eu vou comemora esse dia contigo. Prometo.

sábado, 1 de outubro de 2011

Música da Kate Bush

Como se a gente precisasse da imagem completa pra saber essa fala.

Ah, que vontade de reler você, só pra sentir as mesmas coisas de novo. E de novo e de novo.

Dá cá um abraço, Catherine



Toca aqui, Heathcliff



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Daquela vez em que eu sonhei com o Renato Russo

A parte mais engraçada é que domingo, quando tudo aquilo acontecia, estava tocando Metal Contra as Nuvens. E enquanto eu escrevia coisas que, normalmente, nunca pensaria em escrever, o Renato Russo cantava "não aprendi a me render, que caia o inimigo então". Assim que eu fechei tudo, menos o windows media player, eu percebi isso e... não deixei chegar até o IV. Vocês sabem, vocês sabem, a repetição da eterna verdade da vida, de que nossa história não estará pelo avesso assim. Porque bem, teve aquela vez que eu sonhei com o Renato Russo. A gente tava no auditório do Centro de Convenções, estava vazio e nós dois estávamos sentados um do lado do outro e ele começou a cantar O Teatro dos Vampiros.

Olha, de novo. "Não aprendi a me render, que caia o inimigo então."

Então que nenhum dia eu estou conseguindo ir dormir bem, mas esses detalhes são desnecessários. Só importa que ontem, mais ou menos onze e meia da noite, enquanto eu mordia meus punhos pra não soluçar, a voz do Renato Russo começou a cantar na minha cabeça que "tudo passa, tudo passará."

E eu me obriguei a parar de morder minhas mãos e repetir, infinitamente, "vai ficar tudo bem", mesmo com a voz trêmula de uma pessoa chorosa que não acredita nisso. E é isso. Vai ficar tudo bem, assim como outro dia vai tudo piorar, e depois vai ficar tudo bem de novo, como falou sabiamente a Júlia.

Dessa vez, eu deixei a música tocar até o final.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

respira profundamente enquanto encosta as costas na parede

escorrega até o chão dramaticamente como se estivesse num filme, abraça os joelhos e apoia o queixo no tecido grosso das calças jeans, morde o lábio inferior e pensa que seria melhor se pudesse morder até sangrar, queria ter esse tipo de coragem, de se machucar assim, mas não tem, então simplesmente finca as unhas na pele do braço, até ficar bem vermelho, demora um pouco porque ele sempre gosta de roer as unhas, ou melhor, ele não gosta, quando ele vê, ele já está roendo. fecha os olhos e respira profundamente, uma, duas, três vezes e repetidamente, fecha os olhos e fica vendo aquelas luzinhas brancas que aparecem nas pálpebras, como se fossem um filmezinho pessoal, como se seu cérebro estivesse tentando dizer alguma coisa, mas ele não consegue entender nada. tira as unhas da pele, está vermelho, estica as pernas e fica olhando para os pés descalços, pensa por uns instantes que tem pé de retirante nordestino, todo rachado embaixo e pensa também que deveria seguir os conselhos da mãe e andar com chinelos, mas é tão bom andar descalço, ele pensa. ele tenta pensar em outra coisa, ele tenta focar sua mente em pés e unhas e lábios, mas a mente sempre volta pra mesma memória, e ele leu em um poema que em três noites padeci três anos e ele pensa que é exatamente assim, e as lágrimas já estão no seus olhos e escorrem pelo queixo e pelo pescoço e é uma sensação engraçada. respira profundamente e se levanta, ainda com as costas encostadas na parede.

sábado, 10 de setembro de 2011

A playlist que tem tocado na minha cabeça infinitamente

Wake you up in the middle of the night to say I will never walk away again so you can hurt hurt me bad still I'll raise the flag I know something is broken and I'm trying to fix it 12:51 is the time my voice found the words I sought you-ology me-ology love-ology kiss-ology stay-ology please-ology I need you so much closer so come on (time truth and hearts) if you can hold on if you can hold on let me go and I will run I will not be silent

Llama
Llama
Duck.

sábado, 30 de julho de 2011

Teresa explica

Chega um momento que a gente começa a perceber as coisas de um jeito diferente - é a terceira vez que a gente olha, daí a gente nota alguma coisa que não estava lá antes, ou então a gente não nota nada, ou então a gente percebe coisas tão tão tão óbvias que...

Que.

Vai ficar tudo bem. Mesmo que essa seja uma filosofia barata e que pra muita gente não fique nada bem nunca. Nunca.





(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A estrela mais brilhante da constelação de leão

Sentimento de que está fazendo tudo certo.
Depois, percebe que está fazendo tudo errado.
Pensamento de que é tarde demais pra voltar atrás.
Volta atrás mesmo assim.
Morre.

É a vida.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Always

Eu lembro do Túlio pulando na cama elástica, meio que rindo da gente, porque a gente não sabia o nome do depósito dos Weasley. E eu e tu quebrando a cabeça, falando sobre a única coisa que a gente lembrava, que era A Toca. Daí ele fez a gente desistir e disse que era A Toca e a gente adorou jogar na cara dele que A Toca era a casa dos Weasley.

Na verdade, eu nem sei porque estou começando com isso. Acho que é uma memória meio bobinha e engraçada, né? As estufas, duelar, ficar naquele balanço falando com a Vanessa sobre A Ordem da Fênix. Ah, sei lá. Eu realmente queria encontrar a coisa certa para digitar aqui. A despedida-que-não-é-despedida, porque afinal, é um livro que a gente sempre poderá ler, um filme que a gente sempre poderá assistir. Vai ser uma história que a gente sempre vai lembrar, mesmo que tenha terminado duas vezes, uma em 2007 e outra em 2011.

Acho que o ponto não é a história em si, mas tudo o que ela trouxe. A aceitação. A dor. A coragem, a amizade. O amor, o amor acima de tudo. A maior magia do mundo. O amor vai mudar o mundo, o amor conquistará tudo. Eu lembro daquela garotinha em 2000, nunca nem tinha ouvido falar daquilo, não conseguia nem dizer o nome do personagem principal. E agora eu tô aqui, escrevendo isso e chorando ao mesmo tempo, porque eu sou besta a esse ponto.

Eu lembro de ter começado a ler em Sobral e terminado tudo na minha cozinha, sete anos depois. Dizendo pra minha mãe que só faltava o epílogo e que eu não ia conseguir, não ia, não ia. O Harry tinha me dado aventuras e amor o suficiente para uma vida inteira, como eu poderia ler o epílogo assim?

Mas daí eu li e ver que tudo estava bem... tudo estava bem. Daí fechar e pensar em tudo, tudo o que Harry Potter me deu. Todo o amor, todas as amizades, as lágrimas, as expectativas, as brincadeiras. Tudo vindo de Harry Potter, tudo começou lá. Ah, ah, Hogwarts, obrigada por estar sempre aí, bem aí, na minha estante, basta esticar a mão...

Obrigada. Harry vírgula parágrafo, porque isso deveria ter sido uma carta. Obrigada, obrigada por ter sobrevivido. Obrigada por ter aguentado viver debaixo da escada, obrigada por ter sido corajoso, obrigada pelo amor, obrigada por tudo. Você sempre esteve aqui por mim. E eu sempre serei agradecida e te amarei e nunca te esquecerei.

Essa é nossa segunda despedida, Harry. Mas você sabe que é só um até mais.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Rua D. Leopoldina

Eu fiquei olhando para os carros passando e pensando que poderia estar tudo bem, de certa forma. E que, para eu ter uma constatação tão boa assim, deveria ser rua Teresa Cristina ao invés de Leopoldina. O que me fez pensar que tudo pode estar apenas parecendo bem. E que merda.

O Incêndio de Troia

Pausa para longa e pesada respiração, daí ela percebe que entrou fumaça demais nos seus pulmões e seus olhos se enchem de lágrimas, porque ela fecha a boca para não tossir, não tossir de forma alguma. Ela pensa que os deuses são uns malditos, uns malditos, um bando de filhos da puta de marca maior e não está nem aí se eles irão mandá-la ao Tártaro por isso. Ela olha para o fogo que ainda consome sua cidade, e tantos corpos caídos e só ela lá, entre aqueles escombros, e a pele ardendo e ela sentindo frio. Tem vontade de se atirar no fogo, tem vontade de queimar, de morrer de uma vez, porque não é possível que o Tártaro seja mais sofrido do que a vida. Todos mortos, tudo acabado por uma única mulher, ou melhor, por três mulheres e uma maldita maçã. Mas por que por a culpa nas mulheres? Tudo culpa dos homens e sua mania de guerrear por tudo, tudo culpa de um homem que quis escolher entre três deusas, tudo culpa de um homem... e agora todos os homens estavam mortos, queimados, todos os homens que tinha conhecido. Ela respira fundo, olhando para tudo, as ruínas, as cinzas e parece estar tudo dentro do seu coração e agora ela respira, respira, respira e a fumaça cinzenta entra no seu pulmão e ela pensa que só quer morrer logo até... não. Não. Ela quer viver. Ela não quer morrer por causa de um tolo homem, de tolos deuses, de tolas mulheres, de tolas deusas. Ela quer viver. Ela vai viver. Correu, correu, sem olhar para trás, deixando todas aquelas ruínas no seu passado. Ela vai viver.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para pessoinhas pululantes

Vocês me conhecem.
Vocês conhecem meus súbitos ataques de amor.
Logo, esta sou eu, tendo um súbito ataque de amor. Preparem-se.

i. Dalila
eu te amo. eu sempre desejo que esteja tudo bem contigo, mesmo que a gente não se fale nem todo mês, quem dirá todo dia. eu só gosto de ti e gosto da tua presença, porque eu te sinto, mesmo que tu não esteja perto. e você é linda e adorável e merece tudo de bom e corações. e eu quero bolo.

ii. Bianca Caroline
sua gracinha. tomara que esteja tudo certo aí no seu lado do Brasil.

iii. Moony
tomara que tudo tenha se resolvido na sua casa, assim, sério. e tomara que a gente ainda se encontre antes de eu ir embora. e eu fico super felizinha por ter mensagens suas no meu celular, mesmo sendo mensagens sobre camisetas de Harry Potter hahaha

iv. Bruna An
a gente já conversou sobre isso. a gente conversou sobre o quão estranho é a gente se amar tanto e se falar tão pouco. acho que nossas conversas tiveram tanto significado que deixaram a gente assim, apaixonadas uma pela outra haha você sabe que mora no meu coração, que tem um quartinho nele pra você, que as paredes são azuis e com pôsteres do Metallica e de Harry Potter e que a cama é macia, bonitinha e com um lençol verde.

v. Bruna Supimpa
você é uma linda e eu espero que esteja tudo ok entre você e o Leo - aliás, eu espero que esteja tudo ok de qualquer jeito. eu realmente queria conversar mais contigo e tudo, mas nossos horários são fodidos, né? só saiba que eu te adoro, enormemente.

vi. Lucas Carvalho
finalmente chegou a vez da "pessoa que nunca vai ver isso aqui" hahaha esse nunca falta. gosto de ti, simpatizo contigo, queria conversar contigo e tudo o mais. espero que esteja tudo bem com você e que você (e o teenage dream) consigam logo passagens para Porto Alegre de novo, só para ficarem felizes - e que, dessa vez, eu também consiga passagens para Porto Alegre e mesmo que vocês me considerem a "estranha no ninho", saiba que ficarei enormemente alegre de conhecê-los.

vii. Jack
fique bem. sempre, sempre, sempre. e tenha força e consiga erguer sua cabeça, mesmo quando o mundo inteiro quiser abaixá-la. querido, eu e mais um monte de gente vamos mandar energia positiva e amorosa pra você.

viii. Mandie
quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? e quem irá dizer que não existe razão? e eu sei que você entendeu a mensagem subliminar por trás do que eu realmente quis dizer.

ix. André
ainda bem que eu te conheci, e ainda bem que tu mora em Brasília, e ainda bem que tu existe e só.

x. Thiago
pois é, Thiago, eu babo tanto na sua mulher que nem sobra espaço pra dizer que o pouco que eu vi de você e o pouco que eu conversei com você já me fizeram gostar pra caramba de ti e que tu é um lindo e adorável e eu realmente gostaria de te conhecer e possivelmente fazer cócegas na sua barriga.

xi. Tay
vai dar tudo certo, querida. e o Daniel passou por mim hoje e eu nem vi, mimimi.

ps: Júlia - não vou falar nada, rainha, mas não seria um post de amor meu se eu não te mencionasse, não é mesmo?

domingo, 26 de junho de 2011

medo de perder

o mais engraçado de tudo é que eu nunca tive essa paranoia com "gente da internet", porque eu sempre estive meio que acostumada que as pessoas com quem eu conversava sempre tivessem alguém mais importante - até porque, eu mesma acabava sempre tendo alguém "mais importante". mas com você é diferente e eu fico triste e com uma coisa ruim no peito ao ver que não sou tão importante. não que eu não seja importante at all, mas... bah. não sei. é que eu não quero te perder nem me afastar e tudo o mais, mas é que me dá uma saudade de ti e eu lembro de ti e eu penso em ti e... é. eu sou quase nada.

e eu te amo. profundamente. e eternamente.

(isso só prova que uma pessoa que se refere a "vida da internet" e "vida real" está bastante, bastante errada.)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

E eu também tô tremendo.

Eu fico relendo isso e me dá uma nostalgia, sabe. Uma saudade do que eu sentia por você. Não, não exatamente das consequências que tinham os meus sentimentos - até porque, ninguém gosta de viver triste, de viver pensando em como seria, de viver sempre na mesma expectativa não correspondida. Mas eu ainda sinto falta de falar contigo com o coração acelerado. Era bonitinho, era engraçado. Eu te dizia tantas coisas bonitas e o pior é que você dizia também e a gente ficava sempre nisso. Eu fico pensando em como vou morrer um pouquinho quando me despedir de ti e que eu acho que seria mais produtivo se tu me odiasse de vez, se tu me trocasse logo, se tu fizesse isso ou aquilo e a gente nunca precisasse dizer adeus. Às vezes eu acho que é tudo uma grande piada e que no final do ano eu não vou embora. É engraçado que ninguém chorou ainda, e ninguém pensou muito nisso. Quero dizer, eu já pensei e presumo que vocês já pensaram, mas ninguém ainda deixou a ficha cair. E isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porque quando chegar o final do ano... nossa. Hã, o que eu estava falando mesmo? Ah, sim. Eu sempre encarei o que eu sentia por ti como uma coisa tão pura, só então que eu percebi que não era. Foi um dos sentimentos mais fortes e verdadeiros que eu já nutri por alguém, é claro, mas daí eu percebi que não era assim. O que eu sinto por ele é diferente do que eu sinto por você. É engraçado porque o que eu sentia por você sempre me fazia sofrer, de uma forma ou de outra. O que eu sinto por ele não me dói assim, ainda. E eu espero que não doa nunca, é claro, mas enfim. Qual era o propósito disso mesmo? Eu não sei. Eu só sentia falta de escrever e aí eu consegui escrever alguma merda.

Eu vou sentir tua falta, cara.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Kiss that grrrl

A porta está aberta?

(essa pergunta é feita com um misto de esperança e medo, como sempre.)

Não.

(a resposta já é esperada.)

Não, Morgana, a porta não está aberta.

(e amarga na boca.)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O desespero

de não publicar seus próprios rascunhos por medo das pessoas lerem. Oi? Isso não é um blog e está na Internet por alguma razão? Que sentido é esse na sua cabeça, Morgana? Tsc, tsc.

Bah.

sábado, 14 de maio de 2011

A movie script ending

Eu tinha feito toda uma trilha sonora na minha cabeça. Eu tinha até pensado em falas e coisas do gênero, mas no final das contas, o diálogo planejado nunca daria certo, porque você iria fugir de todas as minhas expectativas. Eu tinha planejado guardar todas as fotos com muito carinho no meu espelho, mas acabei colocando-as numa caixa, para que não chorasse cada vez que as visse. Eu tinha tudo planejado - incluindo não chorar, mas ah, foi tão difícil. Eu tinha desejado que esse dia não chegasse, nunca, nunca, nunca, que a semana que você passou aqui fosse eterna, mas não foi, não foi. Eu não sei mais quanto tempo eu vou aguentar ficar assim - vale a pena, cada momento vale a pena, até mesmo te deixar no aeroporto com lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas vale a pena. Queria que você fosse ruim, que eu pudesse desistir logo de você e encerrar esse filme. Mas você é bom, e eu amo você e eu vou continuar tentando.

domingo, 10 de abril de 2011

Day 10 — Someone you don’t talk to as much as you’d like to

Querida Júlia,

Vou logo dizendo que essa será a carta mais ridícula que você receberá em toda a sua vida. Aliás, essa também é a carta mais ridícula que você lerá. Eu estava esperando começar com algo delicado e poético e bonitinho, que te fizesse para e refletir sobre a vida enquanto se deliciava com aquele seu famoso bolo de algum sabor que eu não lembro vegan. Meu objetivo já foi minado nesse parágrafo, infelizmente.


Eu acho que você escreveu essa carta para a sua mãe. Não lembro e estou com preguiça de procurar. Eu estou lembrando disso porque eu sempre lembro de como você escreve coisas bonitas, de como eu já te amava antes mesmo de conversar contigo, só pelo que tu escrevia. Sempre parece estranho e até mesmo falso, dizer que amava uma pessoa antes de falar com ela, só pelo que ela te transmitia, mas bem, é a verdade. Você pode até perguntar para os meus amigos: "Qual o nome que mais sai da boca da Morgana num período de um dia?", e a resposta vai ser sempre "Júlia." E, claro, o Cord iria zoar de mim e me imitar dizendo "Eu amo a Júlia!" e agitando os bracinhos. Mas enfim.


A tua janela está sempre aberta no meu msn e por vezes eu digito coisas, mas sempre penso que serão coisas estúpidas demais e não mando. O ruim de ter te amado pelos textos antes de te amar pelas conversas (?) é que eu não consigo falar contigo como quando eu falo com outras pessoas. E é simplesmente horrível, porque eu só consigo falar contigo quando é algum assunto "sério", mesmo que a gente fique rindo e fazendo piada depois. Eu queria conseguir falar besteiras contigo e fazer brincadeiras, mas eu não consigo. I'm a creep, I'm a weirdo, blábláblá.


BEM, agora você já sabe que eu estou escrevendo a carta mais stalker do mundo para ti e coisa e tal, então eu estou com muita vergonha de terminar. Mas vamos lá. Respiração profunda e seguir em frente e coisa e tal. Eu nem lembro mais o que eu queria falar aqui, sua chata. Não, espera aí, ignora esse parágrafo. Vamos fingir que ele nunca aconteceu.


Eu lembro que, quando eu fui pra Porto Alegre, eu já te tinha no msn, mas não falava contigo. E eu estava doida para dizer "Ei, você nem sabe o meu nome, mas eu estou indo para Porto Alegre e amaria te conhecer!", mas é claro que não disse. E, absolutamente todas as vezes que nós saímos para passear, eu ficava olhando ao redor procurando qualquer menção de Júlia e Thiago possíveis. Pena que nós só almoçamos em churrascarias, os últimos lugares onde eu poderia te encontrar.


(parênteses para dizer que eu só comi carne ruim aí, que as do Ceará são mais gostosas e acho que teria feito melhores refeições veganas na sua companhia, etc.)


O que eu queria dizer mesmo? Ah, sim. A sua janela do msn está sempre aberta porque eu me sinto bem sabendo que tu tá ali e que eu posso falar contigo a qualquer momento, mesmo não o fazendo. Aí, quando tu sai, normalmente bate uma tristeza e eu penso que deveria ter falado contigo. É claro que tu pode ter só ficado off-line e coisa e tal, como eu quase sempre fico, mas enfim. Você entendeu o espírito da coisa - as conversas que eu tenho contigo me fazem bem, por menores e mais raras que elas sejam. É isso.


E eu poderia me estender aqui por mais e mais parágrafos, mas já estou achando que estou enchendo o saco e morrendo de vergonha e tudo o mais. E sobre a foto: foi a primeira foto que eu tirei, do céu de Porto Alegre, quando estava voltando para casa. Viu? Teve alguma coisa razoavelmente poética nessa carta. Ahá!

Com muito amor (caso você não tenha percebido),

Morgana.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Corazón.

Eu fico relendo nossas MPs. São quarenta e duas MPs suas, duas da Cah e as outras que eu vou recebendo e vou deletando, porque eu simplesmente não quero ter que apagar as nossas conversas, os nossos momentos. Eu te amo demais, tu sabe disso, nem faz sentido esse amor todo (nenhum amor faz sentido, por sinal, muito menos os meus), mas ele existe. E eu queria que continuasse, que tu ainda me mandasse mensagens dizendo se está tudo bem, se está tudo péssimo, como você está. Porque, bah, com certeza tu já foi uma colona amigável com uma índia em uma de tuas vidas passadas hahaha Deu saudade de ti agora - na verdade, deu há um tempão, quando minha mãe - minha mãe! - perguntou como você estava. Ah, estou sendo assustadora de novo. Não ligo, não ligo. Obrigada por todas as palavras carinhosas que você me deu. E espero que esteja tudo bem e tudo fique bem com você, sempre. ♥

sexta-feira, 18 de março de 2011

é claro que eu me deixei levar

e deixaria sempre, pequena criança, se fosse pelas suas mãos. elas são como o mar, entende, eu simplesmente não posso lutar, não posso resistir. é engraçado. não é triste, não dessa vez, nem é bonito, nem é poético. não precisa de definição nenhuma. eu me deixei levar, é isso, fim da história.

porque ficaria mais bonito como título e um vazio

do que como título e post.

porque eu choro.

um minuto e quarenta segundos e eu choro

Rascunhos

Tem coisas escritas aqui que eu deveria postar, porque sempre que eu venho, eu leio, mas sei lá. Elas me parecem tão confortáveis sem a publicação. Não é nada demais. Mas tira um peso dos meus ombros e tudo fica mais tranquilo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Sobre a Ponte Metálica (muito, muito antes)

Primeiro, ele - que sou eu, eu sei que sou eu, eu tenho essa certeza profunda dentro de mim que ele sou eu - olha para o céu, depois para o mar, depois para a ponte e depois, finalmente, para ela. E ele - que sou eu, sou eu, sou eu - pergunta "Posso te dar uma lembrança?"

E ela ri e pergunta o que é uma lembrança, como assim uma lembrança, para que uma lembrança. E ele - com o meu tom de voz, com a minha expressão facial - diz "Pra quando a gente se separar. Você vai olhar pros seus netos e dizer que uma vez esteve na Ponte Metálica, olhando o mar e os barcos e o céu. E que alguém segurou sua mão e perguntou se poderia te dar uma lembrança. E você deu uma resposta. Qual foi a resposta?"

E ela ri de novo, antes de dizer "Sim."

Isso aconteceu a tanto tempo, e a lembrança dele - que sou eu - está em mim.

terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre a Ponte Metálica (antes)

Vocês me perguntam que vontade súbita é essa de ir na Ponte Metálica, e eu digo que não sei. Porque eu não sei mesmo. Aí vem o outro e pergunta se eu já fui lá - e é claro que eu já fui lá, que fortalezense nunca foi na Ponte Metálica? Aí pessoas dizem que dá medo, porque dá para ver o mar embaixo e se as ondas estiverem fortes, elas molham seus pés. Mas é essa a graça, gente. Essa é a graça de atravessar toda a ponte, sentindo a água do mar nos pés e aquele vento salgado no rosto, e se apoiar na ponta e ficar olhando para aquela escuridão completa. Se a ponte cair, a gente vai nadando até a praia de Iracema. Relaxem. Se vocês ficarem muito nervosos, eu seguro suas mãos. Eu e o mar temos uma conexão mágica, vocês sabem, haha. Ele não vai matar vocês, sabendo o quão importantes são para mim. Por favor, vamos pra Ponte Metálica. E todo mundo, porque se não for assim, não vai ter a menor graça.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Take me home, to my heart

Duas e cinquenta e cinco da manhã e eu olhando para o meu celular, com aquela foto do mar que eu tirei da última vez que a gente foi pra praia. Eu fico olhando e pensando que deitei aqui dez da noite e ainda não consegui e só tô olhando pra foto e pra praia e pensando como eu queria estar lá de novo, como eu queria estar lá para sempre.

Eu fecho os olhos e respiro bem fundo, pra tentar acalmar meu coração, só que ele não se acalma. Ele continua batendo como se eu estivesse num pula-pula. Eu abro os olhos de novo e a tela do celular já ficou escura, e eu aperto qualquer botão só pra ver o mar de novo.

Então já são três horas e e, porra, eu ainda não dormi pensando em você. Eu penso em mandar uma mensagem, sabe, uma mensagem feliz que não transmita nada do que eu quero dizer, eu penso em mandar um "leva tal livro amanhã", mas ia ser muito besta da minha parte. Sabe, eu sempre odiei ficar tendo que inventar desculpas para falar com alguém. Todos as meninas que eu gostei, eu falava. Todos os meninos que eu gostei, eu falava. Na lata, e nunca dava certo, era sempre um pedido de desculpas para a minha coleção.

Daí, quando deu três e três, eu te liguei, mesmo sabendo que tem aula daqui a algumas horas e que você vai demorar a dormir, mas foda-se. A vida não é só sobre você.

"... Hã?" você atende, meio sonolento e eu penso que seria engraçado dizer que sofri um terrível acidente de carro e que só você pode me ajudar, porque meus pais não atendem, mas seria um grande desrespeito com as pessoas que realmente sofreram acidentes de carro.

"Oi. Acho que estou apaixonado por você."

"... sério?"

"Sério. Boa noite."

"Não!"

"Hã?"

"Não dá para ter uma boa noite agora."

Eu fico em silêncio, pensando que eu sou idiota demais, mas que eu sempre soube que não ia dar em nada. Meu coração volta a acelerar e eu vou deslizando o dedo para o botão de desligar, só que eu sei que não vou desligar, porque tua respiração ainda tá lá, tu ainda tá acordado e só por minha causa. A gente fica um tempão assim, só respirando, e eu penso que nunca mais vou conseguir dormir e que vou faltar o colégio amanhã só pra acabar com o constrangimento entre nós.

"Não dá." você repete. "Por que você não me contou isso de manhã, quando eu poderia te abraçar e te beijar? Babaca."

Eu rio e digo boa noite e você desliga. Meu coração parou de acelerar, eu viro de lado e durmo em um segundo.

terça-feira, 1 de março de 2011

alt + 3

Hoje meu dia foi tão feliz, sem nenhum motivo especial, que eu simplesmente precisava compartilhar aqui. É sério. Daqui a pouco a minha mãe volta de Brasília, fiquei sabendo que meu pai também vem, só que quinta-feira; eles conseguiram alugar a casa que queriam ("Tem vista pro cerrado, Morgana!", meu pai disse totalmente animado. O cerrado em Brasília deve ser o mar daqui do Ceará, né?); fiz 15 das 20 questões da minha prova de ontem, meu professor de Literatura fez aniversário, meus bullies não me perturbam mais porque correm o risco de serem expulsos, daqui a pouco tem America's Next Top Model e Top Chef (HAHAHA prazeres simples da vida), e... e... sabe, mais nada. Ah, e tem a expectativa de ter aula do Hermano e do Pybore amanhã e eu estou radiante de alegria! Vocês não gostam desses instantes em que parece que não existe nenhuma preocupação, tipo vestibular, fazer tarefas da apostila e coisas do gênero, pra te perturbar? Ah, é tão bom, gente. Vocês todos são tão queridos. ♥

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Maria Dorothea Joaquina de Seixas

Eu nunca achei que amor era uma coisa fácil - quer dizer, a jornada, entende? A jornada era difícil, mas depois que você chegava ao destino, tudo ficava mais fácil. É claro que eu estava errada. Não fica fácil, vai ficando mais e mais difícil. Eu não tô dizendo isso por mim, já que eu nunca passei por esse tipo de experiência, mas eu tô dizendo pelo que eu leio das outras pessoas. Eu pensava que, quando uma pessoa tinha amor, podia acontecer o que fosse no mundo que ela nunca ficaria inteiramente triste, porque sabia que tinha alguém lá por ela. Com os amigos também é assim, e eu fico pensando por que eu passei tanto tempo da minha vida idealizando uma coisa que eu já tinha numa quantidade bem maior que eu mereço. Mas tem uma diferença, né? Uma das definições mais legais que eu já ouvi foi a da Júlia, que disse que estar com o Thiago era como estar sozinha. Com os amigos, ela pode não ficar totalmente à vontade, mas com o Thiago ela sempre estará se sentindo bem. O quão bonito é isso? Só que aí eu lembro que ela ainda tem muitos sentimentos que não condizem com o que eu pensava dos apaixonados, tipo tristeza, tipo raiva, tipo várias coisas. Por isso que eu queria agradecer a todo mundo que me fez enxergar que eu não preciso ficar desesperada esperando por algo que eu já tenho de certa forma. E também desejar força a todo mundo que tá passando por problemas, mesmo já tendo chegado ao destino.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

I loved you first

Daí eu fico olhando pela sacada da janela e vejo as ondas quebrarem e penso como é injusto você ter feito isso, você ter esquecido de mim tão fácil, você simplesmente ter partido. E como é injusto eu ainda te amar, depois de tanto, tanto, tanto tempo, parece que meu coração resolveu que só bateria por você, parece que tem alguma maldição em mim que diz que se eu parar de te amar, ele vai parar. E daí meu cérebro não para de te amar, nem meu sangue, nem nenhuma parte do meu corpo. Eu vejo as ondas do mar, indo e vindo, e vejo a areia da praia e penso que seria tão fácil fazer como eu já fiz em outras vidas, sabe, de ir até o mar e simplesmente sentir o vento no litoral, os cavalos marinhos e todas essas outras coisas. Mas aí que seria injusto mesmo, comigo e contigo, porque mesmo que tu já tenha me esquecido, eu sei que tem uma parte de ti, do teu subconsciente que não esqueceu. O cérebro tem dessas coisas. Me faz te amar pra sempre e me tortura com isso e faz com que você me ame para sempre, mesmo que tu nem lembre disso. Eu olho pro mar e pro céu e um pensamento vem na minha cabeça e isso me deixa tranquila, me deixa relaxada, e me faz sorrir. Eu te amei primeiro, eu vou te amar sempre e vai durar pra sempre aqui dentro da gente. Não foi você que esqueceu de nós. Foi o mundo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bolha de sabão

O peito pesado, o estômago embrulhado, eu não tenho nada a ver com essa história, mas parece que é comigo. E parece que é comigo tanta coisa que não é e é tão ruim pegar um pouco da dor de todo mundo - só um pouco, porque a dor que eu sinto nunca vai ser maior do que as das outras pessoas, do que a velha viúva na rua, do que a criança que dorme numa caixa de papelão -, mas pegar um pouco da dor de todo mundo, deus, por que é que o senhor fez isso comigo? daí à noite eu choro e não é nem por mim, porque eu tô feliz, mas é por outras pessoas, que eu nunca vi, que eu não conheço as histórias, com quem eu não falei. E dói do mesmo jeito. Eu só queria poder me dissolver assim, no espaço, como se não fosse nada, como se não desse para sentir dor nenhuma, como se não existisse dor nenhuma fora (e dentro) da porta de casa e do coração de cada um. Ah, se eu pudesse me dissolver apenas por um momento, apenas por um descanso, deixar de existir em um segundo só...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

2010

Peru

Eu quase morri para chegar lá, um dia perdido no aeroporto, lágrimas de frustração, a perna doendo, o corpo cansado, o voo atrasando mais e mais, "mãe, a gente perdeu UM DIA NO PERU!", vai pro hotel, dorme cinco minutos, pega van para voltar pro aeroporto, companhia legal, estão servindo jantar na alta madrugada e é NHOQUE, hmmm, dorme, dorme, dorme, chega lá seis da manhã e o taxista nos rouba. Mas aí, mas aí todos os dias que vêm depois, todas as milhares de comprinhas bestas, todos os brasileiros legais que a gente encontra (menos aquele paulista chato), o australiano, o Piter (é, é assim), Lima, Arequipa, Puno (apesar de eu odiar Puno) e Cusca e, "MÃE, amanhã a gente vai pra MACHU PICCHU!", correr da vaca solta no meio da rua, chorar um pouquinho quando chega numa das parte mais altas, El Condor Pasa tocando na cabeça e pensando putamerdaputamerdaeurealmentetôaqui, e em Lima passar pelo Café Morgana e começar a rir compulsivamente, e em Arequipa andar por aquelas ruas coloniais e ficar hospedada num hotel que antes era um mosteiro e milhares de lhamas e os condores passando sobre nossas cabeças, ver a boca de um vulcão e todas essas coisas que basta eu fechar meus olhos para me lembrar, tudo bem direitinho, todo o sofrimento do primeiro para toda a felicidade dos catorze dias seguintes, menos a comida, era horrível.

Brasília

Não tô vendo avião nenhum, viu, esse povo é tudo louco. Ai, porra, o Aldebaran mora aqui, se bem que as chances de eu me encontrar com ele são baixíssimas, haha, nossa, como meu pai tá vivendo num lugar pequeno, parece só um quarto da nossa casa, que tristeza. Ah, mas aqui é legal, dá para atravessar a rua e o padeiro foi super gente fina comigo, gente, eu vou encontrar a moderadora HG amanhã! E... legal. Gostei, mas que saudade do Peru!

Minas Gerais

PUTA MERDA, QUANTA LADEIRA, MAS EU TÔ NO SÉCULO DEZENOVE UHUUUUUUUUUUL!!! O TÚMULO DE BERNARDO GUIMARÃES, GENTE, ELE ERA MEU AMIGUINHO!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A beleza do que faz mal (ou: explicando o amor em imagens do we heart it)






















Doce beleza da decadência.
... mentira. Decadente sou eu, que nunca botei um na boca, não tenho essa elegância, não tenho problema de pulmão, não tenho essa sensualidade. Ah, o bom versus o ruim. O pior é que eu sei que eu nunca vou tomar coragem, mesmo algum poeta aí dizendo para a gente suspeitar da galera que não fuma.
Por que eu não nasci homem no século XX para baixo, em que era a coisa mais sensual do mundo?

Just like Teresa Cristina

A vida é difícil quando a história não tem do que reclamar de você, quando você fez tudo direitinho, quando ninguém na porra do mundo tinha do que reclamar de você. Eu não sou Maria Antonieta, eu não gastei tudo em roupas e festas e mandei meu povo ir comer brioches. Eu não virei uma citação numa música de uma das bandas mais fodas de todos os tempos. Eu também não sou Carlota Joaquina, sem querer o pó do Brasil. Eu amo o Brasil. Eu amo o calor, eu amo os pretos, os mulatos, os índios. Eu não fiz nada de errado. É claro, posso ter sido egoísta, posso ter descontado minha raiva num travesseiro, posso ter dado um tapa no rosto de uma escrava, posso ter feito muitas coisas, mas nenhuma delas me valeu um lugar de destaque.

Não adianta ser gente boa nessa mundo. Não adianta, porque aí chega um 15 de novembro e te expulsam da sua casa e aí você morre. Você não teve a cabeça cortada - nem isso, para te tornar um pouco famosa! -, mas sentiu o coração ser arrancado do peito. O que eu ganhei depois de morta? Uma música? Um filme? Não. Um poema do meu marido. E deveria parecer o suficiente.

Mas não é. Não é e esse mundo é uma puta de uma injustiça com quem tenta ser um pouco legal. Porque, quando você é bom, ninguém lembra de você. Nem os professores de História tiram um momento para dizer "Dona Teresa Cristina". Mas quando você é mau... ah, quando você é mau! Quando você é Elizabeth Bathory. Ou quando você é louco, não é, d. Maria? Ou quando você é homem e é um homem bom, caro Jesus.

Ser mulher e ser boa é um passaporte pro esquecimento.

Na próxima encarnação, quero ser o estopim da terceira guerra.