Pausa para longa e pesada respiração, daí ela percebe que entrou fumaça demais nos seus pulmões e seus olhos se enchem de lágrimas, porque ela fecha a boca para não tossir, não tossir de forma alguma. Ela pensa que os deuses são uns malditos, uns malditos, um bando de filhos da puta de marca maior e não está nem aí se eles irão mandá-la ao Tártaro por isso. Ela olha para o fogo que ainda consome sua cidade, e tantos corpos caídos e só ela lá, entre aqueles escombros, e a pele ardendo e ela sentindo frio. Tem vontade de se atirar no fogo, tem vontade de queimar, de morrer de uma vez, porque não é possível que o Tártaro seja mais sofrido do que a vida. Todos mortos, tudo acabado por uma única mulher, ou melhor, por três mulheres e uma maldita maçã. Mas por que por a culpa nas mulheres? Tudo culpa dos homens e sua mania de guerrear por tudo, tudo culpa de um homem que quis escolher entre três deusas, tudo culpa de um homem... e agora todos os homens estavam mortos, queimados, todos os homens que tinha conhecido. Ela respira fundo, olhando para tudo, as ruínas, as cinzas e parece estar tudo dentro do seu coração e agora ela respira, respira, respira e a fumaça cinzenta entra no seu pulmão e ela pensa que só quer morrer logo até... não. Não. Ela quer viver. Ela não quer morrer por causa de um tolo homem, de tolos deuses, de tolas mulheres, de tolas deusas. Ela quer viver. Ela vai viver. Correu, correu, sem olhar para trás, deixando todas aquelas ruínas no seu passado. Ela vai viver.
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