sábado, 30 de julho de 2011

Teresa explica

Chega um momento que a gente começa a perceber as coisas de um jeito diferente - é a terceira vez que a gente olha, daí a gente nota alguma coisa que não estava lá antes, ou então a gente não nota nada, ou então a gente percebe coisas tão tão tão óbvias que...

Que.

Vai ficar tudo bem. Mesmo que essa seja uma filosofia barata e que pra muita gente não fique nada bem nunca. Nunca.





(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A estrela mais brilhante da constelação de leão

Sentimento de que está fazendo tudo certo.
Depois, percebe que está fazendo tudo errado.
Pensamento de que é tarde demais pra voltar atrás.
Volta atrás mesmo assim.
Morre.

É a vida.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Always

Eu lembro do Túlio pulando na cama elástica, meio que rindo da gente, porque a gente não sabia o nome do depósito dos Weasley. E eu e tu quebrando a cabeça, falando sobre a única coisa que a gente lembrava, que era A Toca. Daí ele fez a gente desistir e disse que era A Toca e a gente adorou jogar na cara dele que A Toca era a casa dos Weasley.

Na verdade, eu nem sei porque estou começando com isso. Acho que é uma memória meio bobinha e engraçada, né? As estufas, duelar, ficar naquele balanço falando com a Vanessa sobre A Ordem da Fênix. Ah, sei lá. Eu realmente queria encontrar a coisa certa para digitar aqui. A despedida-que-não-é-despedida, porque afinal, é um livro que a gente sempre poderá ler, um filme que a gente sempre poderá assistir. Vai ser uma história que a gente sempre vai lembrar, mesmo que tenha terminado duas vezes, uma em 2007 e outra em 2011.

Acho que o ponto não é a história em si, mas tudo o que ela trouxe. A aceitação. A dor. A coragem, a amizade. O amor, o amor acima de tudo. A maior magia do mundo. O amor vai mudar o mundo, o amor conquistará tudo. Eu lembro daquela garotinha em 2000, nunca nem tinha ouvido falar daquilo, não conseguia nem dizer o nome do personagem principal. E agora eu tô aqui, escrevendo isso e chorando ao mesmo tempo, porque eu sou besta a esse ponto.

Eu lembro de ter começado a ler em Sobral e terminado tudo na minha cozinha, sete anos depois. Dizendo pra minha mãe que só faltava o epílogo e que eu não ia conseguir, não ia, não ia. O Harry tinha me dado aventuras e amor o suficiente para uma vida inteira, como eu poderia ler o epílogo assim?

Mas daí eu li e ver que tudo estava bem... tudo estava bem. Daí fechar e pensar em tudo, tudo o que Harry Potter me deu. Todo o amor, todas as amizades, as lágrimas, as expectativas, as brincadeiras. Tudo vindo de Harry Potter, tudo começou lá. Ah, ah, Hogwarts, obrigada por estar sempre aí, bem aí, na minha estante, basta esticar a mão...

Obrigada. Harry vírgula parágrafo, porque isso deveria ter sido uma carta. Obrigada, obrigada por ter sobrevivido. Obrigada por ter aguentado viver debaixo da escada, obrigada por ter sido corajoso, obrigada pelo amor, obrigada por tudo. Você sempre esteve aqui por mim. E eu sempre serei agradecida e te amarei e nunca te esquecerei.

Essa é nossa segunda despedida, Harry. Mas você sabe que é só um até mais.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Rua D. Leopoldina

Eu fiquei olhando para os carros passando e pensando que poderia estar tudo bem, de certa forma. E que, para eu ter uma constatação tão boa assim, deveria ser rua Teresa Cristina ao invés de Leopoldina. O que me fez pensar que tudo pode estar apenas parecendo bem. E que merda.

O Incêndio de Troia

Pausa para longa e pesada respiração, daí ela percebe que entrou fumaça demais nos seus pulmões e seus olhos se enchem de lágrimas, porque ela fecha a boca para não tossir, não tossir de forma alguma. Ela pensa que os deuses são uns malditos, uns malditos, um bando de filhos da puta de marca maior e não está nem aí se eles irão mandá-la ao Tártaro por isso. Ela olha para o fogo que ainda consome sua cidade, e tantos corpos caídos e só ela lá, entre aqueles escombros, e a pele ardendo e ela sentindo frio. Tem vontade de se atirar no fogo, tem vontade de queimar, de morrer de uma vez, porque não é possível que o Tártaro seja mais sofrido do que a vida. Todos mortos, tudo acabado por uma única mulher, ou melhor, por três mulheres e uma maldita maçã. Mas por que por a culpa nas mulheres? Tudo culpa dos homens e sua mania de guerrear por tudo, tudo culpa de um homem que quis escolher entre três deusas, tudo culpa de um homem... e agora todos os homens estavam mortos, queimados, todos os homens que tinha conhecido. Ela respira fundo, olhando para tudo, as ruínas, as cinzas e parece estar tudo dentro do seu coração e agora ela respira, respira, respira e a fumaça cinzenta entra no seu pulmão e ela pensa que só quer morrer logo até... não. Não. Ela quer viver. Ela não quer morrer por causa de um tolo homem, de tolos deuses, de tolas mulheres, de tolas deusas. Ela quer viver. Ela vai viver. Correu, correu, sem olhar para trás, deixando todas aquelas ruínas no seu passado. Ela vai viver.