terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fortaleza, 1942.

Ceres - Ceres, me dizem, e eu repito infinitamente. Repito dentro da minha cabeça e baixinho, só para provar o nome. Ceres, Ceres. É o nome de uma Deusa, não é mesmo? Muito apropriado, ela é uma Deusa. Eu olho para a fotografia e sei que quase todos ficariam escandalizados - que tipo de moça publicaria uma foto mostrando os seios daquela forma? Mas eles não entendem, Ceres. Eles não entendem que você não é vulgar, você só é bela. Aquela senhora me disse, a mesma que disse o seu nome, que você era a moça mais bela de Fortaleza. Eu vim do interior, é meu primeiro ano aqui e já vi muitas moças bonitas, mas nenhuma como você. A senhora tinha razão, a moça mais bela de Fortaleza. O que um caipira como eu poderia querer com você? Quando você apareceu na Praça do Ferreira e eu estava lá, meu coração quase parou. Tanta gente ia falar com você, Ceres, e você sorria para todos eles, você sorria para todo mundo, você andava pela praça olhando os quadros e quando chegava ao seu, seu sorriso iluminado virava um sorriso tímido. Eu quis falar com você, ensaiei tantas palavras na minha cabeça. Mas o que eu diria? Olá, Ceres, eu amo você? Você nunca iria acreditar, você não ia entender como eu tinha me apaixonado por uma fotografia, ou ainda me falaria que eu não te conhecia de verdade, mas... Mas se existe uma Ceres na minha imaginação, com certeza a Ceres da realidade é melhor. Essa era a minha maior crença. Eu poderia imaginar alguém, mas ele sempre seria melhor na realidade. E você era a moça mais bela de Fortaleza, e para mim, a moça mais bela do mundo. Sempre que eu vou para a Praça do Ferreira, procuro por você, por seu quadro. Não vou te esquecer, Ceres, nunca.

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