quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

2010

Peru

Eu quase morri para chegar lá, um dia perdido no aeroporto, lágrimas de frustração, a perna doendo, o corpo cansado, o voo atrasando mais e mais, "mãe, a gente perdeu UM DIA NO PERU!", vai pro hotel, dorme cinco minutos, pega van para voltar pro aeroporto, companhia legal, estão servindo jantar na alta madrugada e é NHOQUE, hmmm, dorme, dorme, dorme, chega lá seis da manhã e o taxista nos rouba. Mas aí, mas aí todos os dias que vêm depois, todas as milhares de comprinhas bestas, todos os brasileiros legais que a gente encontra (menos aquele paulista chato), o australiano, o Piter (é, é assim), Lima, Arequipa, Puno (apesar de eu odiar Puno) e Cusca e, "MÃE, amanhã a gente vai pra MACHU PICCHU!", correr da vaca solta no meio da rua, chorar um pouquinho quando chega numa das parte mais altas, El Condor Pasa tocando na cabeça e pensando putamerdaputamerdaeurealmentetôaqui, e em Lima passar pelo Café Morgana e começar a rir compulsivamente, e em Arequipa andar por aquelas ruas coloniais e ficar hospedada num hotel que antes era um mosteiro e milhares de lhamas e os condores passando sobre nossas cabeças, ver a boca de um vulcão e todas essas coisas que basta eu fechar meus olhos para me lembrar, tudo bem direitinho, todo o sofrimento do primeiro para toda a felicidade dos catorze dias seguintes, menos a comida, era horrível.

Brasília

Não tô vendo avião nenhum, viu, esse povo é tudo louco. Ai, porra, o Aldebaran mora aqui, se bem que as chances de eu me encontrar com ele são baixíssimas, haha, nossa, como meu pai tá vivendo num lugar pequeno, parece só um quarto da nossa casa, que tristeza. Ah, mas aqui é legal, dá para atravessar a rua e o padeiro foi super gente fina comigo, gente, eu vou encontrar a moderadora HG amanhã! E... legal. Gostei, mas que saudade do Peru!

Minas Gerais

PUTA MERDA, QUANTA LADEIRA, MAS EU TÔ NO SÉCULO DEZENOVE UHUUUUUUUUUUL!!! O TÚMULO DE BERNARDO GUIMARÃES, GENTE, ELE ERA MEU AMIGUINHO!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A beleza do que faz mal (ou: explicando o amor em imagens do we heart it)






















Doce beleza da decadência.
... mentira. Decadente sou eu, que nunca botei um na boca, não tenho essa elegância, não tenho problema de pulmão, não tenho essa sensualidade. Ah, o bom versus o ruim. O pior é que eu sei que eu nunca vou tomar coragem, mesmo algum poeta aí dizendo para a gente suspeitar da galera que não fuma.
Por que eu não nasci homem no século XX para baixo, em que era a coisa mais sensual do mundo?

Just like Teresa Cristina

A vida é difícil quando a história não tem do que reclamar de você, quando você fez tudo direitinho, quando ninguém na porra do mundo tinha do que reclamar de você. Eu não sou Maria Antonieta, eu não gastei tudo em roupas e festas e mandei meu povo ir comer brioches. Eu não virei uma citação numa música de uma das bandas mais fodas de todos os tempos. Eu também não sou Carlota Joaquina, sem querer o pó do Brasil. Eu amo o Brasil. Eu amo o calor, eu amo os pretos, os mulatos, os índios. Eu não fiz nada de errado. É claro, posso ter sido egoísta, posso ter descontado minha raiva num travesseiro, posso ter dado um tapa no rosto de uma escrava, posso ter feito muitas coisas, mas nenhuma delas me valeu um lugar de destaque.

Não adianta ser gente boa nessa mundo. Não adianta, porque aí chega um 15 de novembro e te expulsam da sua casa e aí você morre. Você não teve a cabeça cortada - nem isso, para te tornar um pouco famosa! -, mas sentiu o coração ser arrancado do peito. O que eu ganhei depois de morta? Uma música? Um filme? Não. Um poema do meu marido. E deveria parecer o suficiente.

Mas não é. Não é e esse mundo é uma puta de uma injustiça com quem tenta ser um pouco legal. Porque, quando você é bom, ninguém lembra de você. Nem os professores de História tiram um momento para dizer "Dona Teresa Cristina". Mas quando você é mau... ah, quando você é mau! Quando você é Elizabeth Bathory. Ou quando você é louco, não é, d. Maria? Ou quando você é homem e é um homem bom, caro Jesus.

Ser mulher e ser boa é um passaporte pro esquecimento.

Na próxima encarnação, quero ser o estopim da terceira guerra.