sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Não voe perto do sol se tens asas de cera

Vejo-o voar. Escapando daquela prisão terrível - sempre torci pela sua saída. E o vejo, voando junto de seu pai. Os dois com aquelas asas fabricadas na prisão. Os dois tentando escapar. Os dois conseguindo. Mas... ele tinha que ser tão ambicioso! Querer chegar perto do Astro-Rei... Hélio nunca gosta que se aproximem dele dessa forma. "Cuidado, Ícaro! Não chegue tão perto do sol!" o pai brada, mas o menino, imperfeito e arrogante, não escuta. Eu já sei o que vai acontecer - e vou mentir se falar que não gosto, porque eu o desejo mais do que qualquer coisa. Abro meus braços e espero. A cera derrete e ele cai, e eu o aparo e o acolho dentro de mim. Quis ir tão alto, meu amado... mas acabou caindo em minha imensidão negra.

Por alguma razão,

eu me lembrei agora de quando fui para o Rio Grande do Sul - especificamente, quando fui para Porto Alegre. Lá, havia dois recepcionistas: Rafael, que só tinha vinte e dois anos, cara de bebê, cabelo loiro e lindo, meio longuinho, descendo pelo pescoço e grandes olhos azuis-clarissímos. Sorria sempre, um sorriso puro, de anjo. Um sorriso sempre simpático, um sorriso que você deseja sempre para si. E ele sempre falava com calma e demonstrando atenção com o que você falava, ria das coisas que você ria, interessava-se pelo que você estava lendo. Não se preocupava em perder tempo conversando com um bando de cearenses que achavam aquele frio todo uma graça. E tinha o Adriano, que não sei a idade, mas devia ser entre 25 e 30. O cabelo era preto e arrepiado, tinha olhos escuros. Cara e jeito de homem, era cheio de ironia, sorria malicioso ou brincalhão, pegava na sua cintura perguntando se você precisava de ajuda, quando te via com um copo de vinho descendo meio cambaleante a escada. E ria quando você dizia "sou menor de idade!", e murmurava um "sei..." sarcástico antes de voltar para o trabalho. Interessava-se pelas suas histórias de lugares quentes e comentava que às vezes lá era quente - recebendo, claro, risadas dos nordestinos. Os dois só usavam ternos e trabalhavam no período da noite, que era minha hora preferida de lá, porque eu podia ficar com eles. Jantavam com a gente, divertindo-se. Por alguma razão, acho que nunca vou me esquecer deles. E espero que role o mesmo do outro lado.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Texto simbolista para a aula de Literatura

O calor do sol banha minha alma. Todos aqueles tons - um milhão de cores enchendo minha vista. Rosa, vermelho, laranja, azul e calor... Calor formigando em meus dedos. Como uma bola de fogo pouco a pouco sendo apagada, vai sumindo por trás da escuridão do mar o que me aquece e me dá vida. Parece que, num único momento sublime, minha alma se desprende do corpo e toda a luz me toca. É só luz; vermelha como o sangue que pulsa no meu coração. Vermelha como o fogo; labaredas que lambem meus pés. O mar não é mais escuro, é vermelho, rosa e laranja. É calor. Meus dedos tocam as ondas. Ondas quentes. E elas vão recuando, afastando-se de mim. Os olhos mais uma vez se focam; e está tudo escuro e frio. Um suspiro satisfeito escapa dos meus lábios - outra obra divina acabo de assistir.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Coincidência

(de amor)

Na noite em que você se irrita com esse sentimento maldito, que você resolve que chega de sofrer por ele, que você decide expulsá-lo do seu coração... No dia seguinte, seus amigos brincando de stop colocam um tópico sobre você que a sigla é AME. Desistir? Nunca mais.

(de amizade)

Você e seu amigo combinarem de mudarem os toques dos celulares (não o toque geral, só o que eles utilizavam um para o outro), e acabarem mudando para a mesma música no mesmo período de tempo. ♥