Dois pacotinhos - um com dois biscoitos de limão e outro de batatinhas. Um copo de água, sem gelo, por favor. Deixo os biscoitos de lado, abro o pacote. Olho pela janela. Tô tentando pensar em uma playlist, como as batatas devagar. Eu estou na janela, a cadeira do meio está vazia e a do corredor, ocupada por uma garota um pouco mais velha do que eu. Ela dorme. Eu deveria dormir, também, mas fecho os olhos e despedida. De olhos abertos, também é assim. Despedida. O zumbido do avião é irritante, mexo na minha bolsa procurando o celular. Já deixo no modo avião, eu e minha paranoia de que se ele ficar um segundo do jeito normal, o avião vai cair e todos vamos morrer. Fones de ouvido. Toco a tela, indo para cima e para baixo, sem selecionar nenhuma música. Preciso de uma playlist de alguma coisa, mas na minha cabeça, só tem playlist de despedida. Bebo um grande gole da água, para ver se o que quer que esteja fechando minha garganta vá embora. Não vai. Está de noite, está frio, me encolho o melhor que posso naquele pequeno espaço. De olhos fechados, escolho qualquer música. Começa com um piano e eu continuo de olhos fechados, as pálpebras barrando as lágrimas. Suspiro, limpando os olhos com as pontas dos dedos. Eu não queria isso, mas vai ser isso. Uma playlist de dizer adeus. Com uma única faixa, uma música sem título, o som do meu choro baixinho dentro do avião.
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