domingo, 23 de agosto de 2009

Intertextualidade

Pálida, à luz da lâmpada sombria
Sobre o leito de flores reclinada
Como a lua por noite embalsamada
Entre as nuvens do amor, ela dormia

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embaladas
Era um anjo entre as nuvens da alvorada!
Que em sonhos se banhava e se esquecia

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites velei chorando
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

(álvares de azevedo)


Pálida, bela, escultural, clorótica
Sobre o divã suavíssimo deitada,
Ela lembrava -- a pálpebra cerrada --
Uma ilusão esplêndida de ótica.

A peregrina carnação das formas,
- o sensual e límpido contorno,
Tinham esse quê de avérnico e de morno,
Davam a Zola as mais corretas normas!...

Ela dormia como a Vênus casta
E a negra coma aveludada e basta
Lhe resvalava sobre o doce flanco...

Enquanto o luar -- pela janela aberta -
- como uma vaga exclamação - incerta
Entrava a flux - cascateado - branco!...

(cruz e sousa)


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