segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ela se casou com vinte e dois anos. Seu marido tinha apenas vinte. Ela virou a mulher perfeita. Nascera no ano de 1929, aquele terrível ano da quebra da Bolsa de Valores. Mas nada disso a interessava. Não. Sua vida só começou a partir do momento em que se casou.

Ela era uma mulher bonita. Seu sorriso, seu nariz, sua cor. Até suas orelhas eram bonitas! E seu marido tinha aquele porte aristocrático - aquele garbo natural, o bigode fino entre o nariz e os lábios e o sorriso de canto. Eles eram um casal bonito.

Ele passava o dia fora, no trabalho. Ela passava o dia em casa - mas não trabalhava, eles tinham empregadas. Ela passava o dia lendo, lendo, lendo. Tinha milhares de livros em casa - a maioria, de uma velha editora já acabada, chamada "Biblioteca das Moças". Talvez você ria ao imaginar o tipo de livro que ela lia, mas eram romances - talvez - complexos. Eram romances elaborados. Eram simplesmente romances, e a maior ação deles seria, no máximo, o mocinho defendendo a honra da mocinha. Mas ela amava esses livros. Talvez - e só talvez - por se identificar com as mocinhas.

Ela não lia só isso, claro. Lia "Dom Quixote", "Dom Casmurro". Lia "Memórias de um sargeto de milícias", "Memórias póstumas de Brás Cubas". Lia "Lucíola" e lia "Helena". E todos esses eram seus livros, seus bens mais amados, os quais deixava guardados dentro de um baú. Só houve um livro que ela leu e não gostou, por isso, deu para a filha de sua irmã: "Os três mosqueteiros."

Quando sua primeira filha, deram-lhe o nome da avó. Ele, talvez, tenha ficado um pouco insatisfeito - queria logo um moleque na casa. Mas a menina também lhe daria bastante trabalho: era faceira, gostava de flertar e namorar. Mas saiu de casa logo. Completou 18 anos, casou e foi embrenhar-se pelo mundo, longe dos pais.

Depois dela, existiram mais cinco filhos: quatro homens e uma mulher. Essa talvez não fosse tão bonita quanto a primeira filha, não conquistava tantos corações, mas era - de certa forma - um orgulho: foi a única que se preocupou em prestar faculdade, em estudar, em ser alguém na vida.

(desses irmãos, agora, ela não tem a qualidade de vida mais alta. A irmã casou-se com um professor de faculdade, e vive luxuosamente - mas não é um alma pobre. Agora, aos cinquenta e poucos anos, resolveu fazer faculdade. Os outros irmãos, todos vivem num nível baixíssimo, de quem não se preocupou com nada na vida.)

E ela tinha uma doença - não uma, várias. Osteoporose, diabetes, problemas na pressão, no coração. A osteoporose foi a primeira a agir, ela só conseguia andar de muletas. Mas andava mesmo assim, não é? E tinha netos, muitos netos, que visitavam aquela cidadezinha interiorana só por causa dela. E ela, satisfeita, sempre comprava caramelos para dar ao netinhos. E, quando eles chegavam, ela sempre estava preparando um delicioso sorvete de maracujá.

E daí que passaram-se anos assim, até o fatídico dia em que ela escorregou no pano molhado e quebrou o fêmur. E teve que depender de tudo - da cadeira de rodas; do marido que - com a idade - tornara-se controlador e amargo (ele não gostava mais de festas (ele, que sempre fora tão festeiro!), ele não gostava mais de crianças (ele, que sempre recebia os netos com o mais largo sorriso!), ele não gostava mais de nada (ele, que a havia conquistado por gostar tanto de tudo...)); dos filhos, dos hospitais. Hospitais. Essa palavra dava-lhe arrepios. Significava ter suas veias furadas, significava ter de tomar remédios para dormir, significava que, novamente, tinha algo errado. E todo mês ela era levada para tomar bolsas de sangue - sangue que substituía aquele que ela havia vomitado no dia anterior.

Nos cinquenta e cinco anos de casados, em meio a uma comemoração forçada - como ele fez questão de frisar; em meio a todos aqueles que mal ligavam para ela, que só iam lá para comer, comer e comer - e, depois, para reclamar de tudo aquilo; em meio a desgraça que se tornara a sua vida - como ela fazia questão de falar para qualquer ser ouvinte próximo; ela vomitou sangue em um dos netos.

Ninguém, é claro, se importou em como seria traumático isso para a neta. Só se importaram - e com razão - em levá-la ao hospital. E, no dia seguinte, ele reclamava, era tudo culpa das festas. Nem um dos filhos aguentava, mas eles tinham que aguentar. Era obrigação de família, não era?

Ela tinha setenta e nove anos e era tão amarga! Ela não lia mais, ninguém lia para ela. Ele passava o dia na mercearia - todo aquele garbo havia se perdido. Ela passava o dia sentada na cadeira de rodas, sem nada fazer, a não ser pensar em tudo o que havia perdido. Ela passava o dia deitada na cama, dormindo para se esquecer da vida terrível que tinha que levar. Ela não podia mais fazer nada que gostava - ela que amava se perfumar... ele havia proibido o uso de perfume! Era inútil, para quem ela iria se arrumar agora?

Quando as famílias iam visitá-la, quando o silêncio se instalava, ela sempre soltava um suspiro choroso e perguntava a Deus porque não morria logo. Quando ela fez oitenta anos e estavam todos na comemoração - será que ela conseguiria sobreviver mais um ano? -, perguntaram-na: "Gostou da festa?"

E ela, muito mudada por cinquenta e oito anos, disse: "Que festa?" - e, retornando aos 22: "... Eu não dancei com ninguém..."

Espero que ela morra sonhando com uma valsa.

sábado, 21 de novembro de 2009

Meme musical

1- Créditos de Abertura:
Vamos fazer um filme - Legião Urbana (Que lindz! Nossa, essa música é muito bonita e fica muito legal. "O sistema é maus, mas minha turma é legal... viver é foda, morrer é difícil. Te ver é uma necessidade... vamos fazer um filme?" - tem muito a ver. ♥)
2- Ao acordar:
Stand By Me - Oasis (Ahn. Não tenho uma opinião sobre isso. Rs.)
3- Primeiro dia de aula:
1 2 3 4 - Plain White T's (Eu devo amar muito a escola mesmo.)
4- Infância:
Everyday Combat - Lostprophets (É, a minha infância foi um combate diário mesmo. E eu nem posso pensar que estou salva, porque ainda não acabou...)
5- Ao se apaixonar:
She Had The World - Panic at the Disco (Minha sina é amar e não ser amada de volta? Mas eu ainda sou um amor. Apesar de, provavelmente, apaixonar-me por um cara muito... Bem, analisando: ele gosta de mim, mesmo, mas não do jeito que eu gostaria. "I don't love you, I'm just passing the time. You could love me if I knew how to lie", ao mesmo tempo em que acha que "that girl has so much love". Que triste.)
6- Música de Batalha:
Ibiza, New York, Miami - Não-sei-de-quem (HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH)
7- Fim de namoro:
Fix You - The Offspring (MINHA NOSSA! Muito certo. Meus relacionamentos estão mesmo fadados ao fracasso.)
8- Colegial:
Toxic - Britney Spears (Ou eu vou usar coisas tóxicas ou eu vou ser tentada por um cara sensualíssimo que é o mesmo que vai partir meu coração e pans... Tá tudo interligado.)
9- Formatura:
Read My Mind - The Killers (Que... legal? É uma música que fala sobre um monte de coisas. Sei lá, provavelmente eu vou passar por um bocado de coisas.)
10- Faculdade:
Hanging By a Moment - Lifehouse (Eu vou ter um amor na faculdade. É a única coisas que pode ser - "I'm falling even more in love with you...")
11- Vida:
I Gotta Feeling - Black Eyed Peas (MINHA VIDA VAI SER UMA FESTA, HELL YEAH!)
12- Depressão:
I'm yours - The Script (Sangue de Jesus. Eu só vou sofrer por amor nessa vida? E vai ser por causa de uma pessoa que eu gosto muito... Ou então, eu terei essa pessoa que vai me apoiar quando meu melhor amigo morrer. Sei lá. É tudo triste.)
13- Na estrada:
12 days of Christmas - Relient K (Eu sou animada na estrada. \Õ/)
14- Flashback:
O teatro dos vampiros - Legião Urbana (Que... bonito. Consigo imaginar direitinho um flashback com essa música. Mesmo.)
15- Reatando namoro:
Codinome Beija-Flor - Cazuza (Okay, reatação de namoro = FAIL)
16- Casamento:
Womanizer - Britney Spears (EU AINDA VOU CASAR COM UM MULHERENGO? De duas uma: ou eu vou "consertá-lo" e vamos ser felizes e talz ou eu vou ser corna. Legaaaal.)
17- Nascimento do filho:
Everything - Lifehouse (Own. ♥ Meu filhinho será tudo para mim. Que fofo.)
18- Batalha Final:
Vienna - Billy Joel (QUE LINDO. Sério mesmo. A música é linda e eu queria saber piano só por causa dela. Nossa, caiu como uma luva. Amei mesmo. ♥)
19- Cena de morte:
Amor, meu grande amor - Barão Vermelho (Depois de sofrer tudo isso, é claro que eu tinha que morrer por amor...)
20- Música do Funeral:
Elephant Gun - Beirut (Gostei. Sei lá, essa música é amor e combina com funeral, por alguma razão do além (hahaha, trocadilho) e panz. Gostei.)
21- Créditos Finais:
You're gonna go far, kid - The Offspring (UUUUUUUUUUUH!)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nada

O cheiro dos cabelos daquela garota. A textura das costas daquele cara. Sangue de Jesus, quanto se ganha e se vive por coisas tão importantes! Quanta eletricidade excitante percorre a sua cabeça somente na imaginação, naquela coisa extaseante que nos dá esperança. Como é bom sentir criaturinhas fofinhas&mágicas&florestais no seu interior, mesmo que depois elas descansem em paz por um tempo...

Quanto não se espera de quem amamos! Pois se os amamos, amamos simplesmente, sem precisar de cobranças. Sem precisar de nada a não ser do nosso amor, pois o nosso amor nos sustenta! Mesmo que ninguém diga que te ama, tu ainda amarás aos outros. E a ti mesmo.

Quando sentimos um corpo quente abraçado ao nosso, naquela valsa específica da pulsação. Quando rimos ao sentir cheiro de shampoo nos cabelos dos outros. Quando simplesmente queremos não dormir - queremos observar o outro dormir, embrenhando a mão em seus cabelos. Ter a honra de velar o sono de alguém. Quando vivemos um pequeno instante inesquecível em que as lágrimas são desnecessárias - tudo fica impresso no silêncio.

Dar bombons a sua melhor amiga, dançar com todos os seus amigos, cantar, pular, voar, brilhar. Tudo isso é amor. É tão absolutamente intenso e abstrato que simplesmente fica registrado na sua cabeça por uns instantes e é armazenado pelo seu cérebro... Tudo isso é amor. Até mesmo aquele sofrer que você dramatiza, mas que gosta. A única con

Amor é o movimento da vida, é a causa do movimento, e o efeito do movimento. Amor é o equilíbrio. Amor é o fogo, a água, o fluido. O amor é. O amor é. Fisicamente impossível. Não há química no amor. A biologia do amor é o sexo. Com palavras não se diz. Com números não se quantifica. Não está em nenhum lugar, em nenhum tempo.

A única conclusão que eu chego é que o amor é tão impossivelmente surreal que ele existe. Existe, existe, existe. Completamente. Porque cada momento da sua vida é amor. Até seu ódio é amor. Tudo é amor.

E agora eu vou encher uns doces com LSD e tentar ser feliz.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Imagine

que você é sonhadora e idiota e cria um cara perfeito na sua cabeça. Você nunca formula uma imagem física dele - às vezes, ele usa óculos, outras não. Às vezes, tem cabelo escuro, outras, claro. Varia muito -, mas você sabe umas características bem específicas. Ou melhor, a junção de vários gostos seus: toca piano, é fanático por música, tem um papo legal, gosta de boa literatura e coisa e tal. Você poderia chamá-lo para sempre de Cara Perfeito, mas você quis dar um nome para ele, então você deu um nome que está presente numa música de Legião Urbana. Desde então, sempre que precisava usar um personagem original, usava com esse nome. Era o seu Cara Perfeito, só de brincadeirinha de menina.

Agora imagine que surge um cara que tem defeitos e tudo o mais, mas que toca um pouco de piano, ama muuuuuuuuuito música, tem um papoi super legal e gosta relativamente de boa literatura, principalmente Machado de Assis. Surpreendente, não?

Agora imagine que ele tem o nome do personagem que você criou.

Pois é.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lucas Cordeiro Herculano

Pra você, é um nome. Coloque no Google e você achará medalhas em OBQs, OBFs, OBMs e coisas de pessoas inteligentes. E uma review minha no FF.

Para mim, é uma vida inteira.