sexta-feira, 30 de julho de 2010

Day 25 — The person you know that is going through the worst of times

- É simples. - Abracadabra também se virou para Anne

- Feche seus olhos e simplesmente acredite em... magia. Abracadabra.

- e beijou Anne.


Tinha gosto de amor


Anne,




Eu não sei porque você esá mal, mas eu até imagino que seja a saudades de casa. Mas deve ter algo mais. Eu não me importo em não saber a razão (tudo bem, eu me importo e gostaria de saber), mas eu quero saber se você está bem. Eu preciso que você me diga que está bem, Anne. Porque quando eu vejo as suas mensagens de tristeza, eu fico triste. É sério.




Eu quero também que você saiba que pode falar comigo sempre, sempre, sempre. Nunca vai estar atrapalhando nada. Pode desabafar comigo o quanto quiser, mesmo que eu saiba que você normalmente não faz esse tipo de coisa.




Fiquei bem, Anne. Eu não consigo estender essa carta porque eu não sei pelo que você está passando, mas independente do que seja, conte comigo. E fique bem, fique bem, fique bem. Quando estiver triste, lembre-se do Lucian. Ele que segurava a sua mão quando você passava por aquele beco escuro, não é? Lembre-se da Charlotte também, porque ela adoraria você e seria muito cuidadosa na hora da sua... morte, haha. Lembre-se de toda a família Addams.

Lembre-se de todos os carinhos trocados por msn.




Você vai se lembrar, sim, porque eu nunca vou te deixar esquecer.


(muito mais que) doze beijos,




Morg.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Day 11 — A Deceased person you wish you could talk to

Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Oi, Álvares.

As pessoas certamente já estão sem paciência das minhas cartas para você - e isso porque elas nem viram as escritas à mão. Mas essa carta tinha que ser para você, pura e simplesmente. Eu nem irei me estender muito nela ou algo assim - já falei tanto em outras cartas, outras épocas - só direi que eu realmente desejei escrever para outra pessoa. Para o Erico Verissimo. Machado de Assis. Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade. Porque, bem, esses são normalmente os mortos com quem eu gostaria de poder falar. Mas não seria tão certo quanto escrever para você.

Mas eu vou abandonar o normal teor ultrarromântico e desejoso das minhas cartas. Eu vou falar contigo sobre porque eu te admiro. Porque você, dentre todos os mortos, é o que eu gostaria de conversar com. Você não é melhor do que nenhum daqueles lá de cima - isso não quer dizer que seja pior, é claro. Eu queria falar com você porque eles amadureceram e você não. Eles viveram tempo o suficiente para aprimorar a escrita, para ver coisas da vida e passarem para o papel. Você, não. Você teve 20 anos, nada mais que isso.

E nesses 20 anos, conseguiu fazer poesia, crônicas e uma peça. Além dos ensaios e discursos. E eles não são a obra-prima brasileira, mal estão preocupadas com o país e Solfieri não é nem um nome brasileiro. Você vivia com a cabeça na Europa. A sua poesia era... importada. Calma, sem ofensas! Até porque, como eu te ofenderia?

É só para dizer que eu te admiro. Você não teve nenhum feito heroico ou nenhuma poesia que todos saibam de cor. Mas você fez com que eu soubesse poesias suas de cor. Você fez com que eu gostasse de Literatura. Você mexeu em tanta coisa em mim, eu lia as suas palavras e só conseguia pensar no quão fantástico você era. Em como você seria se tivesse vivido mais - e aí eu imagino que poderia ser absolutamente chato e sem graça, sem o ardor adolescente.

Então, Álvares, obrigada. Você me deixa muito feliz.

E estou com preguiça de colocar uma foto.

Com amor,

Maria Sera... Ops. Morgana.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Day 23 — The last person you kissed

'Till the end when we part, I will give you my heart,
And I will promise to love you with all that it is
And I will promise to be there whenever you need me


Lolinha,

Você não é uma pessoa, mas eu usarei licença poética. Afinal, eu acabei de dar um beijo na sua barriga. A sua barriga é tão vermelha e quentinha! Enquanto eu escrevo isso, você está dormindo no meu colo. Você dorme muito, hoje nós passamos a manhã dormindo na mesma cama. Quando minha mãe disse que eu ia te ganhar, eu pensei que não seria uma dessas donas que deixam a cachorra fazer tudo o que quer ou algo assim. Bem. Ambas sabemos que não foi bem assim.

Você pode até não ser uma pessoa, mas tem tantos gostos e vontades como uma. E eu realmente não me incomodo com isso, porque quando você balança seu rabinho ou então fica lambendo meus pés compulsivamente, vale a pena. Eu até esqueço do rasguinho na contracapa do Senhor dos Anéis. Eu amo te ver dormir. Os seus olhinhos fechados são a coisa mais graciosa do mundo.

Eu te amo tanto, Lola, que nem ligo quando você fica latindo para mim seis horas da manhã. Ou me mordendo, antes de dormir. As tuas mordidinhas nem doem, são carinhosas. Eu sei porque eu já senti uma mordida de verdade sua - lembra daquela vez que tu tava mordendo um dos teus brinquedos e eu coloquei o pé sem querer? Sangrou. Então você não morde para machucar a gente.

Eu amo quando você acorda e vai se espreguiçar. É a coisa mais linda do mundo. Eu odeio quando alguém vai embora e você fica chorando na porta. Eu odeio seu chorinho, você puxa do fundo da garganta e chora e é tão triste que eu paro imediatamente o que estou fazendo só para fazer cócegas na sua barriga. Eu amo quando você toma banho e fica bem cheirosinha e se deita perto de mim, para eu ficar te acarinhando.

Sabia que eu senti muita, muita saudade de ti na viagem, sua sapeca? Sapeca, mesmo, que fica destruindo as coisas da casa. E eu ainda te defendo dos carões da minha mãe, é impressionante. É tão engraçado como todos te tratam, Lolinha: brigam com você, mas aí você faz a sua carinha desconfiada e te enchem de beijinhos!

Acabei de te dar outro beijo na barriga. Tão, tão quentinha. Eu te amo muito, viu, Lola? E eu sei que você sabe disso.



Da sua dona louca,

Morgana.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Andy, you're a star

Oi, Andy, você lembra de mim? Eu sou aquela menina que você costumava chamar de melhor amiga. Eu lembro que no colégio você arrasava como jogador de futebol. No campo, caramba, você brilhava! Eu lembro também da Lucy, a menina que você gostava. Tá, todo o colégio gostava dela e tudo o mais, mas você realmente gostava dela. A Lucy era a sua vida. Eu achava isso tão bonito, Andy, e eu ainda acho. Mesmo com todas as merdas que tu fazia - tu saía riscando os armários dos outros, escrevia "Andy" e deixava lá. Tu devia colocar uma estrelinha, sabia? Todo mundo saberia que era você. Tu era o nosso melhor jogador, Andy, e tu era um dos caras mais bonitos da cidade. Também, nossa cidadezinha minúscula de cem mil habitantes. Mas tu ainda era um dos mais bonitos. O melhor jogador do time. E eu lembro de você falando quando levou Lucy para o carro e vocês ficaram se amassando lá, mas você não quis transar. Porque essa menina era teu mundo, Andy, e tu não ia estragar uma noite maravilhosa na parte de trás de uma caminhonete velha. Eu também nem queria que tu fizesse isso, aquele carro era nosso, Andy. A propriedade estava no seu nome, mas era lá que a gente ia conversar, comer M&M's depois da aula e, às vezes, dar uns beijinhos, porque melhores amigos são para essas coisas. Às vezes eu queria que tu não fosse tão bom em tudo, Andy. Porque os olheiros te encontraram e agora tu tá aí, jogando futebol num time grande e eu tô aqui, ensinando Física na nossa antiga escola. Aí eu olho para o campo e lembro de você, olho para os armários e vejo seu nome em todos eles. Fico me perguntando: a escola é pobre ou ninguém nunca teve coragem de tirar teu nome daí? Mesmo sabendo que é a primeira, eu prefiro acreditar na segunda. Às vezes, eu passo pela Lucy, andando na rua. Ela casou com o David, acho que tu sabe disso. Bem, é a vida. A sua vida corrida não é uma vida que a Lucy aguentaria, mesmo sabendo que você a amava tanto. Ela tá feliz. Eu também. E você também, Andy, porque tu nasceu para ser feliz. Tu é uma estrela, sabia? Para mim e para mais ninguém.

Day 20 — The one that broke your heart the hardest

Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar


Oi, Cord.

Eu não queria ter que escrever essa carta para você. Eu não queria ter que usar esse trecho de Mais uma vez" para você. Mas... é a vida. Acontece. Eu te amei tanto, tanto, tanto, Cord, que meu coraçãozinho remendado ainda dói quando eu penso nisso, sabia? Eu te amei tanto que me dava vontade de chorar só de pensar no quanto eu te amava. Não era um amor normal, Cord, era um amor doente. Não doentio, não era uma fanfic dramática do FF. Era só... doente. Porque eu não conseguia tirá-lo do meu coração ou qualquer coisa assim. Ele só ficava lá, doendo. Eu te via "gostando" de tantas outras pessoas, sem nunca gostar de nenhuma realmente e ficava daquele jeito de "Por que não eu?"

É até melhor você nunca ter se apaixonado por mim, porque - e aí, entra o trecho da música, que eu peço desculpas um milhão de vezes por ter sido utilizado - você iria desistir de mim fácil. Facinho, facinho. Ia se cansar de mim mais rápido do que se cansou da Vamp's ou do Átila. E ia doer mais, mais e mais. E ainda estaria doendo. Então, deixa para me amar desse jeito só quando a gente for se casar, haha.

Cord, o que mais dói é que tu é meu melhor amigo. Meu melhor amigo. E eu não tô te culpando de nada, a culpa é minha mesmo, de ter me apaixonado por você. Afinal, tu nunca dava brechas para mim ou algo do tipo. Simplesmente aconteceu. E eu era tão ridícula - tão, mesmo, eu queria te fazer sofrer, só um pouquinho. Eu vivia repetindo para ti o quanto te amava, o quanto me deixava triste o fato de você não me amar de volta... Isso porque - como eu sempre digo - eu sou uma pessoa horrível. Desculpa por isso, tá? Eu sei que você provavelmente não liga agora, ou algo assim, mas desculpa do mesmo jeito. Eu só queria que você sentisse um pouco da dor que eu sentia todos os dias.

Desde que você não-gostou de mim, eu nunca mais consegui gostar de ninguém. Ou ter confiança o suficiente para só ficar com outras pessoas. Eu não gosto de ficar. É estranho. Por isso, eu fiquei só com amigos - isso inclui você e nossos primeiros beijos, é claro. Eu não sou uma pessoa de ficar, Cord, amor é importante demais para mim. E tu... desculpa de novo, mas tu - ainda - não é uma pessoa-amor. Tu só quer ficar com várias pessoas e, o que te torna mais ridículo do que eu, não consegue tomar coragem para chegar numa menina e por isso, fica saturando o Átila. Eu ainda tô com raiva dele por causa das coisas que ele fez no SANA, mas ele não merece o que tu faz com ele. Tu também tá quebrando o coração dele, sabia?

Mesmo que ele fique dizendo que não, mesmo que ele que busque os teus beijos, mesmo que tudo isso, é só o mesmo... amor doente. E você sabe disso. Então, faça com que ele pare, antes que se destrua. E não faça com ninguém o que tu fez comigo. E a culpa não é sua, mas se tu não consegue amar as pessoas, não fique dando esperanças.

Eu quero muito que você encontre alguém que ame de verdade, Cord. E eu quero que isso aconteça comigo também, haha, um médico para cuidar das feridinhas do meu coração. E não tem problema se você quiser me amar, antes do nosso casamento, aliás. Só que aí eu vou rir da tua cara e te chutar com minhas botas all-stars.

Brincadeirinha.

Com amor sempre,

Morgana.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Day 17 — Someone from your childhood

Oh, I'm begging you no
There's more life left to go
Oh, I'm begging you please
'Cause I don't want you to live



Querido JP,

Agora, eu não lembro mais se era João Pedro ou João Paulo. Eu não lembro nem do seu rosto, ou do seu sorriso... Eu não lembro mais de você. E isso deveria doer, eu sei que deveria. Mas não dói. Não mais. Acho que, quando eu falei sobre você para os meus amigos, parou de doer. Ou a dor passou apenas para um formigamento leve. Eu sei que você iria querer que tivesse sarado instantaneamente, mas veja bem. Você era meu único amigo. Você tinha me beijado. Sabe o qual a importância disso para uma garota de cinco anos, vítima de bullying?

Eu sinto muito por ter te escondido durante tanto tempo. É que eu sentia como se você... não sei. Talvez as outras pessoas não deveriam saber sobre você, mas eu tinha que contar. Eu somente... tinha. Eu acho que você me perdoaria por qualquer coisa, afinal de contas.

Você existiu mesmo? Sabe, é uma pergunta boba, mas às vezes eu imagino se você era um ser humano de verdade. Tu tinha o que? Sete? Oito, nove, dez? Quantos anos você tinha? Não lembro de nada. Só tenho a pulseirinha guardada em algum lugar - desculpa, deveria ser tão especial e eu nem consigo me lembrar onde ela está - e me lembro do seu beijinho. Só isso. Você é um... perfume. Um perfume que eu senti há tempos e queria conseguir me lembrar bem do cheiro, mas só tenho uma vaga noção.

Mudei de assunto, não foi? Vou te perguntar de novo: você existe mesmo? Eu acredito em Deus, sabe, eu preciso acreditar, eu não suporto pensar que é só isso aqui. Então eu olho para o Céu e penso que você está lá. Na verdade, eu tenho certeza absoluta que você está lá. Que você sempre pertenceu ao Céu. E é clichê e bobo, mas você não é um anjo? Porque parece. Parece muito com um. Não sei, não sei. Eu acredito, egocentricamente, que tu só existiu para mim. Quem eram os teus outros amigos? Tu era que nem eu. Tu não tinha amigos, também.

Eu fico triste. Eu queria que você ainda estivesse aqui, no bloco A. Daí a gente se veria todos os dias. Daí a gente teria crescido junto e eu não seria tão complexada com essas coisas de amizade. Daí eu te amaria mais e mais e você também me amaria e nós ficaríamos juntos para sempre, porque é assim que tem que ser. Digo, era assim que tinha que ser. Porque, mesmo que apareça alguém dizendo que nós poderíamos ter nos separado, eu não acredito nisso. A gente estaria junto para sempre.

Mas estamos, não é? Afinal, onde quer que eu vá, ainda existe o Céu.

Com saudades,

Morgana.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

You don't know how lovely you are

Sineide, o seu nome é tão estranho. Escrevendo-o agora, eu percebo que não faço a menor ideia de onde foi tirado o seu nome, que nem o do meu pai. Rutenes. São nomes que não fazem sentido, mas não precisam fazer, eu acho. Mas Sineide combina contigo. E tu era (é?) professora de Ciências, então a gente sempre falava: Sineide-Ciências! Ou eu acho que falava. Deve ser coisa da minha cabeça. Sabe, era legal quando só tinha você. Da quinta a oitava série, né? Ou ano. Enfim. Daí veio o Dênio, o Arthur e o Rafael... Só porque tinha que separar Ciências em facções. E vem o ENEM e diz que tudo é Ciência, só muda o complemento. Mas acho que eu estou saindo do ponto certo, haha. Sabe, às vezes eu fico triste. Eu lembro de você e suas roupas estilosas - aquelas jaquetas de couro, os tênis Puma, os óculos escuros no cabelo loiro-escuro. Eu lembro de você falando que o parto é a mesma coisa que defecar um coco e... eca. Lembro de você dizendo que não tem problema nenhum transar quandos e está grávida, na verdade, faz bem e eu rio quando lembro disso. É engraçado. Você é (era?) engraçada. Daí eu lembro - e dói lembrar - de quando você fez com que todos escrevessem quatro cartinhas e mandassem para os amigos... E eu fui a única que não recebeu nenhuma. Dói, ainda dói, mesmo que faça tanto tempo e seja uma besteira tão grande. E você perguntou se alguém não tinha recebido e eu levantei a mão, quase chorando e você me chamou para a frente e me abraçou, dizendo "Eu também não ganhei nenhuma!" e aí, talvez eu tenha até achado que tudo ficaria bem. E então eu lembro da época em que você se ausentou porque (seu filho? pai?) um parente seu sofreu acidente de carro, mas ficou bem, não ficou?... E aí eu lembro de algum professor entrando na sala, eu nem lembro que professor, mas a gente não estudava contigo faz tempo (não tanto tempo, só dois anos, mas em escolas parece tanto...) - e aí alguém disse que teu marido sofreu um acidente de carro e morreu e eu penso nisso e dói tão fundo, tão fundo no meu coração, Sineide e eu queria que você soubesse. Me dá vontade de chorar, porque a pessoa que nos disse ainda teve a coragem de comentar que ele foi seu único namorado, que vocês se conheciam desde pequenos, que ele foi seu melhor amigo e seu único amor, que ele era o pai dos teus três filhos... e dói tanto, Sineide e eu queria que você soubesse que eu penso em você, sim. E que eu sinto saudade e que às vezes eu simplesmente queria te abraçar, porque você me abraçou quando meu coração estava doendo. Eu não sei como você está, Sineide-Ciências, mas eu queria que você estivesse bem. Do fundo do meu coração, esteja bem.