quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

And the train ain't even left the station

Em 2010, eu escrevi esse post. Era sobre Fortaleza. Não sei porque eu fiz, naquele momento. Eu só quis escrever como gostava dessa cidade. Eu nem sabia que ia embora, eu nem tinha passagens compradas, eu ainda morava aqui. Hoje eu fui para o Dragão do Mar, e me lembrei que tinha escrito isso.

Eu vou embora. Eu sei que eu provavelmente estou enchendo o saco das pessoas com isso - tá, tá, você vai, e daí? Você tem amigos pela Internet. Brasília é uma cidade legal. Mas uma coisa é...

Quando você abraçou as pessoas mais vezes do que é possível contar. Quando você as beijou, ficou de mãos dadas com elas. Quando as pessoas secaram suas lágrimas, quando você dormiu na mesma cama que as pessoas, quando você deitou a cabeça no colo delas. Quando você mexeu nos cabelos delas, quando elas mexeram nos seus cabelos. Quando vocês se empurraram, se estapearam. Quando vocês escreveram coisas nos cadernos uns dos outros. Quando você escreveu coisas na parte de dentro da porta do armário de uma delas. Quando vocês dividiram fones de ouvido, comida, dinheiro. Quando você pegou ônibus com elas (e sempre era uma coisa engraçada). Quando você dormiu na casa delas, quando elas dormiram na sua casa. Presentes. Dedicatórias. Livros. Jogar Uno. Descobrir novas bandas. War. Xadrez. Quando vocês cantaram músicas juntos, quando vocês estudaram no mesmo colégio, quando vocês estudaram a mesma matéria, quando vocês combinaram de ir estudar, mas só fizeram conversar. Ir ao cinema. Ver filmes juntos. Atravessar a rua do Central para ir comer salgados. Peças de teatro. Brigas. Jogar sundae uma na cabeça da outra.

Quando você amou essas pessoas, quando você ama essa pessoas, e elas sempre estiveram a uma pouca distância. Só pegar o telefone, combinar. Vamos pro Iguatemi, vamos pra Costa Mendes, vamos pro Dragão do Mar. Vamos pra sua casa, venham pra minha casa. Era só uma ligação, algumas horas, uns passos, a campainha, o abraço.

Quando você teve a sorte de encontrar pessoas importantes aqui, ao vivo, em cores, em carne, pele, cabelo. Porque nem sempre é assim, e nem todas as pessoas importantes que eu tenho na minha vida eu já vi pessoalmente. Mas algumas delas, sim. Elas sempre estiveram aqui. E sim, sim, eu ainda falarei com elas por msn, por telefone. Mas eu não irei tocá-las por um bom tempo. Nada de abraços, beijos, carinhos.

Eu penso em vocês e meu coração começa a doer, eu amo tanto vocês, tanto, vocês sabem (porque eu não deixo que vocês esqueçam) que meu nome significa mar belo. Quando eu penso na intensidade do meu amor por vocês, no tamanho dele... Nem o mar é tão grande, nem as ondas são tão fortes, nem os oceanos, tão profundos. Eu só queria repetir infinitamente que eu amo vocês, eu amo vocês, eu amo vocês. E amo essa cidade, porque ela me deu vocês. E amo essa cidade, porque como a Bruna já disse, tem nome de lugar seguro.

É o meu lugar seguro.

Mas só porque vocês estão aqui, e eu andei pelo centro com vocês, eu fui pro Dragão do Mar com vocês, eu vi o mar com vocês. E vocês sempre estarão dentro de mim, sempre. E sempre serão as pessoas mais importantes - e irão aparecer pessoas que um dia, me conhecerão melhor do que vocês me conhecem, e na vida de vocês isso também vai acontecer. Cada um irá encontrar alguém que será o que eu sou hoje. Mas vocês sempre serão os mais importantes, porque vocês me viram crescer, porque vocês declamaram poemas para mim, porque vocês me amaram e me abraçaram, mesmo eu sendo... desse jeito que eu sou, toda defeituosa e esquisita.

Eu amo vocês. Eu amo vocês, e eu só queria que vocês soubessem que... que eu nunca vou me esquecer. Nunca.

3 comentários:

Hide and Seek disse...

*chora na caixa de comentários*

Filipa Santos Lopes disse...

Partiu o meu coração. Amor lindo assim não acaba nunca. Nunca, índia minha. Não duvides disso.

Kerol Sousa disse...

Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente! (Chora na caixa de comentários +1)