terça-feira, 15 de março de 2011

Sobre a Ponte Metálica (muito, muito antes)

Primeiro, ele - que sou eu, eu sei que sou eu, eu tenho essa certeza profunda dentro de mim que ele sou eu - olha para o céu, depois para o mar, depois para a ponte e depois, finalmente, para ela. E ele - que sou eu, sou eu, sou eu - pergunta "Posso te dar uma lembrança?"

E ela ri e pergunta o que é uma lembrança, como assim uma lembrança, para que uma lembrança. E ele - com o meu tom de voz, com a minha expressão facial - diz "Pra quando a gente se separar. Você vai olhar pros seus netos e dizer que uma vez esteve na Ponte Metálica, olhando o mar e os barcos e o céu. E que alguém segurou sua mão e perguntou se poderia te dar uma lembrança. E você deu uma resposta. Qual foi a resposta?"

E ela ri de novo, antes de dizer "Sim."

Isso aconteceu a tanto tempo, e a lembrança dele - que sou eu - está em mim.

terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre a Ponte Metálica (antes)

Vocês me perguntam que vontade súbita é essa de ir na Ponte Metálica, e eu digo que não sei. Porque eu não sei mesmo. Aí vem o outro e pergunta se eu já fui lá - e é claro que eu já fui lá, que fortalezense nunca foi na Ponte Metálica? Aí pessoas dizem que dá medo, porque dá para ver o mar embaixo e se as ondas estiverem fortes, elas molham seus pés. Mas é essa a graça, gente. Essa é a graça de atravessar toda a ponte, sentindo a água do mar nos pés e aquele vento salgado no rosto, e se apoiar na ponta e ficar olhando para aquela escuridão completa. Se a ponte cair, a gente vai nadando até a praia de Iracema. Relaxem. Se vocês ficarem muito nervosos, eu seguro suas mãos. Eu e o mar temos uma conexão mágica, vocês sabem, haha. Ele não vai matar vocês, sabendo o quão importantes são para mim. Por favor, vamos pra Ponte Metálica. E todo mundo, porque se não for assim, não vai ter a menor graça.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Take me home, to my heart

Duas e cinquenta e cinco da manhã e eu olhando para o meu celular, com aquela foto do mar que eu tirei da última vez que a gente foi pra praia. Eu fico olhando e pensando que deitei aqui dez da noite e ainda não consegui e só tô olhando pra foto e pra praia e pensando como eu queria estar lá de novo, como eu queria estar lá para sempre.

Eu fecho os olhos e respiro bem fundo, pra tentar acalmar meu coração, só que ele não se acalma. Ele continua batendo como se eu estivesse num pula-pula. Eu abro os olhos de novo e a tela do celular já ficou escura, e eu aperto qualquer botão só pra ver o mar de novo.

Então já são três horas e e, porra, eu ainda não dormi pensando em você. Eu penso em mandar uma mensagem, sabe, uma mensagem feliz que não transmita nada do que eu quero dizer, eu penso em mandar um "leva tal livro amanhã", mas ia ser muito besta da minha parte. Sabe, eu sempre odiei ficar tendo que inventar desculpas para falar com alguém. Todos as meninas que eu gostei, eu falava. Todos os meninos que eu gostei, eu falava. Na lata, e nunca dava certo, era sempre um pedido de desculpas para a minha coleção.

Daí, quando deu três e três, eu te liguei, mesmo sabendo que tem aula daqui a algumas horas e que você vai demorar a dormir, mas foda-se. A vida não é só sobre você.

"... Hã?" você atende, meio sonolento e eu penso que seria engraçado dizer que sofri um terrível acidente de carro e que só você pode me ajudar, porque meus pais não atendem, mas seria um grande desrespeito com as pessoas que realmente sofreram acidentes de carro.

"Oi. Acho que estou apaixonado por você."

"... sério?"

"Sério. Boa noite."

"Não!"

"Hã?"

"Não dá para ter uma boa noite agora."

Eu fico em silêncio, pensando que eu sou idiota demais, mas que eu sempre soube que não ia dar em nada. Meu coração volta a acelerar e eu vou deslizando o dedo para o botão de desligar, só que eu sei que não vou desligar, porque tua respiração ainda tá lá, tu ainda tá acordado e só por minha causa. A gente fica um tempão assim, só respirando, e eu penso que nunca mais vou conseguir dormir e que vou faltar o colégio amanhã só pra acabar com o constrangimento entre nós.

"Não dá." você repete. "Por que você não me contou isso de manhã, quando eu poderia te abraçar e te beijar? Babaca."

Eu rio e digo boa noite e você desliga. Meu coração parou de acelerar, eu viro de lado e durmo em um segundo.

terça-feira, 1 de março de 2011

alt + 3

Hoje meu dia foi tão feliz, sem nenhum motivo especial, que eu simplesmente precisava compartilhar aqui. É sério. Daqui a pouco a minha mãe volta de Brasília, fiquei sabendo que meu pai também vem, só que quinta-feira; eles conseguiram alugar a casa que queriam ("Tem vista pro cerrado, Morgana!", meu pai disse totalmente animado. O cerrado em Brasília deve ser o mar daqui do Ceará, né?); fiz 15 das 20 questões da minha prova de ontem, meu professor de Literatura fez aniversário, meus bullies não me perturbam mais porque correm o risco de serem expulsos, daqui a pouco tem America's Next Top Model e Top Chef (HAHAHA prazeres simples da vida), e... e... sabe, mais nada. Ah, e tem a expectativa de ter aula do Hermano e do Pybore amanhã e eu estou radiante de alegria! Vocês não gostam desses instantes em que parece que não existe nenhuma preocupação, tipo vestibular, fazer tarefas da apostila e coisas do gênero, pra te perturbar? Ah, é tão bom, gente. Vocês todos são tão queridos. ♥

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Maria Dorothea Joaquina de Seixas

Eu nunca achei que amor era uma coisa fácil - quer dizer, a jornada, entende? A jornada era difícil, mas depois que você chegava ao destino, tudo ficava mais fácil. É claro que eu estava errada. Não fica fácil, vai ficando mais e mais difícil. Eu não tô dizendo isso por mim, já que eu nunca passei por esse tipo de experiência, mas eu tô dizendo pelo que eu leio das outras pessoas. Eu pensava que, quando uma pessoa tinha amor, podia acontecer o que fosse no mundo que ela nunca ficaria inteiramente triste, porque sabia que tinha alguém lá por ela. Com os amigos também é assim, e eu fico pensando por que eu passei tanto tempo da minha vida idealizando uma coisa que eu já tinha numa quantidade bem maior que eu mereço. Mas tem uma diferença, né? Uma das definições mais legais que eu já ouvi foi a da Júlia, que disse que estar com o Thiago era como estar sozinha. Com os amigos, ela pode não ficar totalmente à vontade, mas com o Thiago ela sempre estará se sentindo bem. O quão bonito é isso? Só que aí eu lembro que ela ainda tem muitos sentimentos que não condizem com o que eu pensava dos apaixonados, tipo tristeza, tipo raiva, tipo várias coisas. Por isso que eu queria agradecer a todo mundo que me fez enxergar que eu não preciso ficar desesperada esperando por algo que eu já tenho de certa forma. E também desejar força a todo mundo que tá passando por problemas, mesmo já tendo chegado ao destino.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

I loved you first

Daí eu fico olhando pela sacada da janela e vejo as ondas quebrarem e penso como é injusto você ter feito isso, você ter esquecido de mim tão fácil, você simplesmente ter partido. E como é injusto eu ainda te amar, depois de tanto, tanto, tanto tempo, parece que meu coração resolveu que só bateria por você, parece que tem alguma maldição em mim que diz que se eu parar de te amar, ele vai parar. E daí meu cérebro não para de te amar, nem meu sangue, nem nenhuma parte do meu corpo. Eu vejo as ondas do mar, indo e vindo, e vejo a areia da praia e penso que seria tão fácil fazer como eu já fiz em outras vidas, sabe, de ir até o mar e simplesmente sentir o vento no litoral, os cavalos marinhos e todas essas outras coisas. Mas aí que seria injusto mesmo, comigo e contigo, porque mesmo que tu já tenha me esquecido, eu sei que tem uma parte de ti, do teu subconsciente que não esqueceu. O cérebro tem dessas coisas. Me faz te amar pra sempre e me tortura com isso e faz com que você me ame para sempre, mesmo que tu nem lembre disso. Eu olho pro mar e pro céu e um pensamento vem na minha cabeça e isso me deixa tranquila, me deixa relaxada, e me faz sorrir. Eu te amei primeiro, eu vou te amar sempre e vai durar pra sempre aqui dentro da gente. Não foi você que esqueceu de nós. Foi o mundo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bolha de sabão

O peito pesado, o estômago embrulhado, eu não tenho nada a ver com essa história, mas parece que é comigo. E parece que é comigo tanta coisa que não é e é tão ruim pegar um pouco da dor de todo mundo - só um pouco, porque a dor que eu sinto nunca vai ser maior do que as das outras pessoas, do que a velha viúva na rua, do que a criança que dorme numa caixa de papelão -, mas pegar um pouco da dor de todo mundo, deus, por que é que o senhor fez isso comigo? daí à noite eu choro e não é nem por mim, porque eu tô feliz, mas é por outras pessoas, que eu nunca vi, que eu não conheço as histórias, com quem eu não falei. E dói do mesmo jeito. Eu só queria poder me dissolver assim, no espaço, como se não fosse nada, como se não desse para sentir dor nenhuma, como se não existisse dor nenhuma fora (e dentro) da porta de casa e do coração de cada um. Ah, se eu pudesse me dissolver apenas por um momento, apenas por um descanso, deixar de existir em um segundo só...