domingo, 12 de julho de 2009

A única coisa que me entristece nesse meu amor não é nem essa dúvida que me mata, "se eu te conhecesse, você me amaria também?" - não, não é isso. O que me entristece é que eu nunca vou poder ouvir a sua voz dizendo meu nome, ou recitando poemas ou sendo sarcástico. Nunca vou te ouvir gritar ou suspirar. O que me entristece é que eu nunca poderei te abraçar, te apertar forte contra meu corpo. Eu nunca vou bagunçar os seus cabelos, eu nunca vou rir enquanto os desarrumo, eu nunca o verei de cabelos molhados, eu nunca poderei opiniar em nada ("pelo amor de Deus, tira esse bigode! Não combina em nada contigo!") da sua vida. Nunca vou olhar fundo nos seus olhos... Nunca vou sentir sua pele. Nunca vou pegar a sua mão, nem apertá-la. Nunca irei te beijar. Sentir seu cheiro, seu calor. Nunca vou rir com você. Te ver tropeçar e levantar. Te ver lançando olhares sarcásticos - nunca vou rir com você daquelas mulheres vaidosas e dos seus maridos glutões. Eu nunca vou te ter por perto. Nunca vou olhar as estrelas com você. Nunca vou poder falar "Hoje a noite está tão bela...". Nunca vou estreitar meus olhos de ciúmes para qualquer uma que passe olhando para você. Nunca vou gracejar com você. Nós nunca iremos trocar olhares cúmplices. Eu nunca vou chorar perto de você. Eu nunca te verei chorar. Eu não vou poder correr até você e falar "Não vá para São Paulo! Leva-me junto, se for!" Nunca vou ter meu sono velado por você, nunca vou velar o seu sono. Nunca vou te ouvir suspirar o meu nome. Nunca vou te ter, efetivamente. Vou amar você. Mas você não estará lá.

"Amar o perecível,
o nada,
o pó,
é sempre despedir-se."
(Hilda Hist)


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